terça-feira, dezembro 12, 2006

#00.123 Outras geografias, outros hábitos… (II)

Sobre as mulheres de Malaca no Séc. XIV:“Se acontece uma das mulheres estar em atitudes de grande intimidade com um dos nossos conterrâneos e permite-lhe todo o divertimento e folguedo, o marido olha calmamente, não se zanga e limita-se a comentar: a minha mulher é bonita e o chinês está encantado com ela.”

Sobre os homens:
“... envidavam grandes esforços para dar prazer às suas mulheres. Recorriam ao auxílio de contas de vidro fabricadas na China, um costume ainda hoje praticado em alguns lugares do sudeste da Ásia.

Quando um homem chega aos vinte anos, pega-se na pele que circunda o pénis (membrum virile) e, com uma lâmina afiada corta-se como uma cebola e insere-se dentro da pele uma dezena de pequenas contas... [As contas] assemelham-se a um cacho de uvas.

O Rei e os grandes chefes dos povos ricos usam contas ocas de ouro no interior das quais é colocado um grão de areia. Depois de terem sido inseridas, ao andar fazem um tilintar que é considerado muito bonito... os orgasmos das mulheres são exacerbados por essas contas.”

--

Ma Huan, The overall Survey of the Ocean Shores, Pequim, 1433, trd. J.V.G. Mills, Cambridge UP (para a Hakluyt Society), 1970 p. 143.

--//--

Sobre alguns povos do Oceano Índico
Têm todos a pele negra e andam completamente nus, tanto os homens como as mulheres, exceptuando os panos de cores vistosas que lhes cobrem os rins: não encaram qualquer forma de luxúria ou de prazer sexual como pecado.

Os seus hábitos relativos ao casamento são tais que um homem pode casar com a sua prima em primeiro grau ou com a viúva do pai ou do irmão. E Estes costumes são habituais nas Índias.

--

The travels of Marco Polo, Marco Polo trd. R. Latham, Penguin, Harmondsworth, 1958, p. 288

--

Retirado de:
“1421 – O ano em que a china descobriu o mundo”
Gavin Menzies
Editora Dom Quixote

sábado, dezembro 02, 2006

#00.122 O fim de mais um mito?

[COMPORTAMENTO]

Homens, compradores natos
«A ideia de que os viciados em compras são sobretudo mulheres está errada», lê-se num artigo elaborado por investigadores da Universidade de Stanford, publicaod na edição deste mês da revista American Journal of Psychiatry. Na pesquisa, efectuada através de entrevistas telefónicas a 2513 adultos americanos, concluiu-se que 6% das mulheres e 5,5% dos homens evidenciavam sintomas de compradores compulsivos.

Publicado na revista “Visão” nº 709 de Outubro 2006

--

Ou, como diz o provérbio:
A diferença entre um homem e uma criança é o preço do seu brinquedo.

quinta-feira, novembro 16, 2006

#00.119 Post roubado

almoços, inícios de tarde


«O adultério tem o seu horário, como o calista e as provas na modista tinham o seu.»
[Agustina Bessa-Luís – A Ronda da Noite. Lisboa: Guimarães Editores, 2006. p. 68]


(O anúncio saiu no Público entre Janeiro e Fevereiro de 2004, salvo erro.

Na altura e por algum tempo, não consegui fechar a boca. Hoje limito as minhas reacções a um sorriso.)

--

Post roubado aqui:
http://educacao-sentimental.blogspot.com/2006/11/almoos-incios-de-tarde.html




#00.118 Corpos Magníficos


sábado, novembro 11, 2006

#00.117 Carne, Poder e Violência

Tanto nas sociedades de chimpanzés como nas sociedades humanas, o controlo da carne contribui para uma forma de regime patriarcal onde impera a razão do mais forte.
--
O regime patriarcal não tem uma base genética directa; ele provém do conflito biológico de interesses entre machos e fêmeas de todos os primatas, incluindo homens e mulheres.

“Os símios caçadores”
Craig B. Stanford
Editorial Bizâncio, 2000

--//--

A posição social das mulheres só é aproximadamente igual à dos homens quando a própria sociedade não se organiza em torno de regras de distribuição de carne.

--

People of the lake
R. Leakey e R Lewin
(1978)

--//--

Meu comentário:


Ora aí está!
Homens! Cerrar fileiras!
Marchai contra a conspiração matriarcal do vegetarianismo!

:-D




sábado, outubro 07, 2006

#00.113 Punheteiro, geme?


Interrogava-se a Milena, aqui:
http://milenamb.blogspot.com/2006/10/especialmente-babaca_04.html

Respondendo à pergunta dela, punheteiro pode gemer sim.

E bem alto.

Um colega de tropa contou-me que um dia, quando estava deitado na camarata dele, ouviu gemidos no quarto ao lado.

Pensando que o camarada desse quarto se estava sentindo mal, foi ver se era preciso ajuda!

E deu de caras com o espectáculo!
:-D

--

No meu caso pessoal, só na altura do orgasmo.
Mas sou um tipo discreto, não acordo ninguém
Ahahahahahahahahah!

Mais alguém quer partilhar informação?
;-)

--

P.S. – Sei que existe um projecto (que está na net) com vídeos de pessoas a masturbarem-se no momento do orgasmo para mostrar as diferentes expressões que se fazem na hora H. Infelizmente, na altura em que o vi, era pago!

Não fiquei com o endereço.

sexta-feira, setembro 22, 2006

#00.112 Amor / Sexo / Liberdade de escolha

Quem fala de livre escolha e defende o sexo apenas por amor, talvez não compreenda bem do que fala:

A livre escolha existe apenas para aquelas pessoas que podem decidir ter sexo pelo sexo ou sexo por amor.

As pessoas que apenas conseguem ter sexo por amor, não têm liberdade de escolha (gratificante)!

O sexo tem valor por si.
Se for com amor, poderá ser ainda mais gratificante, mas, como muitas pessoas descobriram, o amor não torna o mau sexo bom!

terça-feira, setembro 12, 2006

#00.111 Como são feias as pessoas…

O rosto,
Numa máscara retorcida;

A voz alterada,
Furiosa;

Nos olhos,
O brilho da desconfiança;

As mãos,
Enclavinhadas;

O corpo,
Em pose de violência;

A necessidade mesquinha,
De prender o “objecto” do seu amor!


… quando têm ciúmes!

quarta-feira, agosto 16, 2006

Agora só em Setembro :-)

Aos digníssimos cavalheiros e mui virtuosas damas que visitam este blogue, aqui fica a informação!

Jinhos pra elas, abraços pra eles!
(ou vice-versa, conforme os gostos)

:-)

domingo, agosto 13, 2006

#00.110 Os meninos crescidos e as mulheres pequeninas

“Qual o número que o senhor veste?”
perguntou ela

“Ó Elisabete, qual o número que eu visto?”
perguntou ele

--

Ao ouvir esta, lembrei-me de que ainda existem homens que dependem das mulheres para coisas tão simples como saberem o número da roupa, onde estão os utensílios da cozinha, onde param as meias e as cuecas, o que vai ser o jantar, etc, etc.

Elas chamam-lhes crianças grandes, infantis, inúteis, preguiçosos…


As mulheres que aturam estes comportamentos, em contrapartida, (auto)intitulam-se por uma designação bem mais pomposa:

Instinto maternal!

sábado, agosto 12, 2006

Informática horribilis – Murphy em acção!

A net marou e ainda não está a 100%. Duvido que alguma vez fique, considerando que tenho ADSL a mais de 5Km da central mais próxima!

A minha pendrive deu o pifo!

O Scanner foi para o lixo!

E na 5ª feira o PC recusava-se a trabalhar!

Aaahhhhhhhrrrrrgggggggg!

E para cúmulo, a pessoa que me costuma resolver os problemas, tá de férias!
:-(
:-(
:-(

Bem, pelo menos o pc já marcha! Ufa!

segunda-feira, agosto 07, 2006

#00.109 O amor e a sopa

O que é o amor?
O que é a sopa?
E existirá algo em comum entre os dois?

E será possível estabelecer um paralelismo entre as definições de ambos?

O que faz de uma sopa ser o que é?
Serão os seus ingredientes?

Mas quais?
São tantos e não existem realmente limites para os usar, no entanto todos nós, ao ver uma sopa, sabemos que o é!

Deve existir algo então, que, apesar de tudo o que seja comum ou diferente em todas as sopas faça de uma sopa aquilo que é!

Como na sopa, no amor existe um ingrediente que deve estar presente para que este exista, mas sugiro que, tal como na sopa, esse ingrediente sozinho não é suficiente para ser sopa!

Talvez seja assim com o amor.


Talvez, preocupados com os nossos umbigos, com as especificidades das nossas expectativas, das nossas experiências de vida, estejamos a “coisificar” demasiado o amor, confundindo-o com os diversos ingredientes que o compõem e esquecemos a simplicidade e a beleza do que é o amor por outra pessoa! 

#00.108 O amor com direitos de propriedade

Quando se assume que o amor é aquilo que cada um quer, que cada pessoa sente o amor de forma diferente, o que se está, em último caso, a assumir?

Quando se aceita uma interpretação puramente subjectiva do amor, que riscos se correm, ao levar essa ideia ao extremo?

E será que se correm realmente alguns?

Pessoalmente, encontro várias questões que considero problemáticas nessa forma hiper-personalizada de sentir o amor:


1. Confundem-se os detalhes, com a imagem toda.
O amor é isto!
Se me amas farias aquilo e não aqueloutro!

2. Em extremo, torna praticamente impossível ser-se amado(a).
Porque diferentes pessoas têm diferentes necessidades específicas!
Levando o processo até às últimas consequências, o amor de cada pessoa torna-se tão pormenorizado, reflectindo o que a pessoa é e necessita nesse ponto da sua vida, que as relações se tornam ingratas e frustrantes, uma vez que ninguém está à altura dessas expectativas.


3. E torna-se muito difícil, saber se outra pessoa nos ama.
Nunca se poderá dizer:
Tu não me amas!
Isso não é amor!

A outra responderá:
Esta é a forma como te amo!

4. Cai-se então em algo muito simples e muito lógico:
Querer que a outra pessoa nos ame à nossa maneira!
E isso, penso eu, significa tornar a outra pessoa num instrumento para servir os nossos desígnios, as nossas necessidades!


Esse amor, deixa de ser algo de belo para se tornar num acto egoísta e manipulador!


5. Acaba-se por não saber o que é o amor.
Se cada pessoa tem a “sua” definição, a “sua” forma de sentir o amor, o que é de facto o amor?

Algo? Tudo? Nada?

#00.107 O coxo, a bengala e o pedinte

As expectativas sobre terceiros estão na nossa cabeça.
Se culparmos alguém por não as cumprir, culpamos pelos nossos erros!

E muitos desentendimentos começam assim, porque sentimos que as expectativas que criámos não estão a ser cumpridas!

Mas que responsabilidade tem a outra pessoa nos filmes que criámos no nosso cinema?

Apesar de tudo, não é mau ter expectativas.

Mau é quando essas expectativas passam por receber da outra pessoa, aquilo que temos em primeiro lugar de dar a nós próprios! 
E quando cobramos por não termos recebido.

Quando colocamos nas mãos de outra pessoa o alfa e o ómega da nossa felicidade, não estaremos a ser cruéis?

domingo, agosto 06, 2006

#00.106 Sexualidade e liberdade

A independência sexual é um aspecto básico da auto-estima, no entanto as pessoas sexualmente independentes não são nem promíscuas nem infiéis.

Pelo contrário, são estas as mais fiéis, já que ser independente significa que a segurança está no interior de cada um e não no que os outros lhe podem proporcionar.

E significa que a satisfação sexual não depende de um amante hábil ou experiente, mas da capacidade de se sentir bem com o corpo e com as sensações que experimenta.

As pessoas livres são-no porque são capazes de se comprometerem sem se sentirem atadas, tal como atam podem desatar-se, por isso conseguem ser mais fiéis e proporcionam aos seus companheiros uma agradável sensação de segurança.

Isto não quer dizer que a longo prazo não queiram um compromisso ou sejam imaturos e inseguros. Alguns podem sê-lo, mas a maioria não.

Neste tópico a conduta da humanidade divide-se em três grupos: o maioritário, a que pertencem aqueles que se convencionou chamar de monógamos sucessivos (ou seja, as pessoas que estabelecem várias relações monógamas durante toda a vida); um grupo pequeno (de seis a 12 por cento) que não consegue manter-se fiel e precisa ter relações com várias pessoas ao mesmo tempo; outro pequeno grupo de monógamos absolutos, ou seja, pessoas que acasalam uma vez para toda a vida.

Segundo as estatísticas, estes grupos e percentagens mantém-se constantes tanto nos homens como nas mulheres de todas as culturas, e se, em algumas delas só os homens as manifestam é porque essas culturas negam às mulheres o direito de decidir sobre a vida sexual.

Se repararmos nas estatísticas, a independência e a liberdade estão no conhecer-se, em gostarmos de nós próprios e não enganarmos os outros.

Pilar Cristóbal, sexóloga
(título original: gosto de todos(as))

sábado, agosto 05, 2006

#00.105 Sexo, prazer e culpa

Não existe alternativa para a educação sexual:
Ou a sexualidade ou abstinência;

A única alternativa é:
Sexualidade natural e saudável ou sexualidade perversa e neurótica.
--

"A Função do orgasmo"
Wilhelm Reich
Publicações Dom Quixote, 1979
(2ª edição original publicada em 1947)

#00.104 Ponto G: o mais procurado

É um mistério antigo: há um centro no prazer feminino?
As teses são várias.

Mas, se calhar, não há uma resposta igual para todas as mulheres. 

Ninguém sabe muito bem onde fica. Nem como é o seu aspecto.
E muitos duvidam mesmo que exista.

Várias mulheres já garantiram a sua existência, relatando pormenores da sua vida privada. Grande parte dos cientistas ainda esta céptico quanto a este tema.

Falamos do ponto G.

A zona mais procurada e mais misteriosa do corpo da mulher.
É considerado o equivalente à próstata masculina. Ao contrário do que o nome indica, não é apenas um ponto, mas sim uma região onde se encontram as "glândulas de Skene".

Diz-se que se situa na parte anterior da vagina, entre a sua abertura e o colo do Útero. Na prática, pode alcançar-se esta região de prazer ao introduzir o dedo indicador (na totalidade) na vagina, ou com o pénis, em algumas posições.

O que se sabe apenas sobre este "ponto" é que, quando estimulado, proporciona sensações de grande prazer e orgasmos bastante intensos.

--

Revista Focus, nº 174 – 12-02-2003

#00.103 Mais um estudo…

Um estudo da Masters e Johnson demonstrou que os homens e as mulheres descrevem da mesma forma a experiência subjectiva do orgasmo e classificam da mesma forma o grau de satisfação.

Também descobriram que parte da satisfação está relacionada com o prazer que acreditam que o outro sente.

#00.102 Outras geografias, outros hábitos…

1.
Até à chegada dos ingleses, os egípcios não desfloravam as noivas, antes pagavam a um servo para fazê-lo pois acreditavam que o contacto com o sangue feminino causava impotência. 


O costume procedia da Grécia antiga onde eram as mulheres que se desfloravam com consoladores de couro chamados obeliscos.


2.
Na nossa sociedade ocidental, a beleza feminina é conotada com a magreza e formas não demasiado “rechonchudas”. 


No entanto, já houve um tempo em que as mais apetecíveis eram as mulheres cheias de carne e curvas.


3.
Nas ilhas Marquesas e na Nigéria, era comum as adolescentes permanecerem vários meses em “cabanas de engorda” para ganharem peso antes de serem oferecidas em casamento.



4.
Entre os Nilotes, povo espalhado pelo leste de África, os dentes contam como factor de atracção, arrancando-se dois incisivos aos jovens quando atingem a puberdade, para os tornar mais bonitos.



5.
Os homens da tribo Caramoja, do Uganda, costumam utilizar técnicas de tracção mecânica – e manter pesos atados – para alongar o pénis.



6.
Na China, às mulheres de classes superiores eram fracturados os ossos dos pés seguindo-se enfaixamento, para que estes permanecessem pequenos e assim agradar a maridos em perspectiva.



7.
Os Kwakiuti (EUA) ou os Magbetu (Congo) consideravam fundamental para a beleza um formato da cabeça bastante comprido verticalmente. Para isso, enfaixavam ou pressionavam com talas de madeira a cabeça das suas crianças até estas entrarem na adolescência.



8.
O povo Banto do Botswana, os Tsuanas, considera a proeminência dos pequenos lábios vaginais extremamente atraente, sendo prática comum as jovens, a partir da puberdade, começarem a puxá-los ou recorrerem a outras técnicas para conseguir o efeito desejado.



9.
A igreja católica valoriza a procriação, único objectivo da vida sexual, incentivando a virgindade e a monogamia sujeita ao casamento.



10.
As viúvas da tribo Ashanti, do Gana, são encorajadas a manter relações sexuais com um desconhecido, de modo a conseguirem libertar-se do espírito do falecido marido.



11.
Entre os Sakalaves, de Madagáscar, é uma desonra a mulher chegar virgem ao casamento.



12.
Uma mulher que tenha tido um filho antes do casamento é altamente valorizada pelos Pucapucãs (Indonésia), pois a sua fertilidade está provada.



13.
No Brasil, os índios Tucanos tinham a tradição de romper o hímen das adolescentes através da introdução na vagina dos dedos de um ancião impotente.



14.
Excepto as consagradas aos deuses, para os incas, uma virgem era mercadoria de muito baixo valor.



15.
Os Manus da Nova Guiné não têm qualquer concepção cultural de amor, carinho ou afecto, considerando as relações sexuais um acto vergonhoso e humilhante que apenas visa a continuidade do grupo.



16.
Não há beijos, carícias, romance ou envolvimento emocional nas relações sexuais dos Lepchas, povo dos Himalaias, para quem o acto se resume a uma necessidade como comer e beber.



17.
Em Kiriwina (Pacífico), entende-se que as raparigas solteiras a partir dos 6 anos (sie) devem dedicar-se quase todas as noites a práticas licenciosas. 


É irrelevante que tal suceda ou não; o que importa apenas é que, para o nativo de Kiriwina, as relações sexuais são uma ocorrência quase tão comum como comer, beber ou dormir.


18.
Em Trobriand (Pacífico), a liberdade sexual das raparigas solteiras é absoluta.
Começam a ter relações sexuais muito cedo, entre os 6 e os 8 anos de idade. Mudam de parceiros sempre que lhes apetece, até se sentirem inclinadas a casar.

Depois, se uma rapariga se decide a uma ligação prolongada e mais ou menos exclusiva com um homem, após algum tempo, ele vem normalmente a tornar-se seu marido. Os filhos ilegítimos não são de modo algum raros.


19.
Na Papua Nova Guiné, há uma tribo, a que o antropólogo Jared Diamond chamou "povo Sambia", e em que todos os critérios sobre a orientação sexual que prevalecem no Ocidente caem por terra.

0 mais apelativo nos Sambia é a sua relação com o sexo. 

Existe uma divisão tão férrea entre os dois géneros que, na realidade, se trata de uma hostilidade aberta.

Os homens são caçadores e guerreiros e as mulheres encarregam‑se da agricultura e da manutenção dos filhos. Dentro da casa, há divisões separadas para o marido e para a mulher, e os filhos e as filhas não partilham o mesmo espaço.

As brincadeiras infantis depois dos cinco anos são sexualmente segregadas: os meninos não podem sequer olhar para as meninas.

Aos sete anos, os rapazes mudam‑se para comunidades única e exclusivamente masculinas onde se pratica a homossexualidade.

Os recém‑chegados devem praticar felações e ingerir o sémen dos mais velhos para adquirir todo o poder da sua masculinidade.

Chegada a fase sexual adulta, um jovem pode procurar par feminino. As relações sexuais com este são traumáticas. Acostumados ao sexo entre homens, os Sambia vêem a heterossexual idade como uma carga penosa que têm de assumir se querem ter descendência.



20.
Em alguns povos da Amazónia os homens usam os chamados cintos prepuciais com os quais atam o sexo à cintura.

Os nobres da época Vitoriana usavam uma cinta de seda que passavam por uma anilha com a qual tinham previamente perfurado o prepúcio.

#00.100 Sexo e Educação II – questionar a tradição

A distinção entre sexo fraco e sexo forte pode ter os dias contados.

Pelo menos, foi essa a intenção de Natalie Angier, uma investigadora americana que resolveu pôr a nu alguns dos mitos relacionados com as diferenças entre homem e mulher. 


Baseada em pesquisas científicas rigorosas, reuniu as suas conclusões no livro Mulher: uma geografia íntima.

Afirma que as mulheres são mais fortes, mais sensuais e que têm mais facilidade de adaptação.

Uma coisa, ninguém pode pôr em causa: existem diferenças.
O cérebro da mulher é mais pequeno, mas mais densamente preenchido por neurónios. 


Os homens sentem mais a dor física;
as mulheres têm mais zonas do cérebro dedicadas à tristeza. 


O cromossoma X (feminino) tem uma riqueza genética superior ao Y (masculino): cinco mil genes, em média, em comparação aos 40 do homem.

O homem é fisicamente mais imponente: dez por cento mais alto, 20 por cento mais pesado e 30 por cento mais forte.

As mulheres, porém, são mais resistentes ao cansaço.
Até mesmo o órgão genital tem mais diferenças que aquelas consideradas óbvias. O clítoris tem oito mil nervos. O pénis menos de metade.

Outro dos conceitos que Natalie Angier derruba é o de que as mulheres são menos interessadas em sexo que os homens.

Segundo a autora, o corpo da mulher também foi feito para o prazer e elas até já ultrapassaram o conceito de uniões monogâmicas. 


Pesquisas científicas sobre o comportamento animal provaram que a mulher nasceu para ter prazer no acto sexual e que a sua vocação para a monogamia não passa de uma imposição cultural.

#00.101 Sexo e Educação I - auto conhecimento

(...)

Para a psicóloga Mónica Bolas Teixeira, é tudo uma questão cultural.


"Os homens são, desde pequenos, estimulados para a sexualidade.

As mulheres são oprimidas", explica. 

A maioria das mulheres desconhece o próprio corpo até muito tarde, pois tem uma educação sexual reprimida que não permite uma exploração da zona genital.

"Se lhes pedirmos para desenhar uma vagina, a maioria não sabe. 

É algo que não se vê e é preciso tocar para sentir - coisa que o processo de educação não permite", explica Allen Gomes.

A mulher é ensinada a fechar as pernas e a não tocar no sexo.
É educada de forma a reprimir todos os instintos. 

Tal não acontece com os homens.

#00.099 Sexo e Educação III – não complicar, s.f.f.

O biólogo Tim Birkhead, da Universidade de Sheffiled, em Inglaterra, lançou o livro Promiscuidade, no qual analisa o comportamento de vários animais. 

As conclusões foram surpreendentes: as fêmeas da maioria das espécies do gafanhoto ao chimpanzé - acasalam com vários machos.

Entre os bonobos (espécie de chimpanzés), mais de metade das crias de uma mãe é composta por filhos que não foram concebidos pelo seu parceiro habitual.

Mais diferença menos diferença, o importante é que a sexualidade seja encarada de forma natural. Sem receios ou preconceitos que a inibam.

Explorar o corpo, saber quais as zonas de maior prazer ou estimular o parceiro, qualquer das hipóteses é viável desde que seja para tirar o máximo partido da situação. O importante é deixar de fingir.
E começar a sentir.

#00.098 Sexo e Educação IV – o órgão do prazer



Foi só em 1998 que a investigadora australiana Helen O'Connell descobriu o verdadeiro tamanho do órgão do prazer feminino.
Em vez de dois, o seu tamanho chega até aos nove centímetros.

--

Meu comentário:
O que me faz lembrar, há uns bons anitos atrás, estava eu a explorar um livro sobre o corpo humano e chegado à parte da sexualidade pude encontrar várias fotos e desenhos esquemáticos sobre o pénis.

Mas, pasme-se, nada sobre a vagina. Fotos dos vários formatos do clítoris e dos lábios vaginais em detalhe?

Ah! Ah! Ah! Não querias mais nada. Contenta-te com uns bonecos e já gozas…

Se os “profissionais” abordam a questão assim, será de espantar que os leigos saibam tão pouco?

#00.097 Sexo e Educação V – patriarcado e autoridade

A personalidade do homem moderno, que reproduz uma cultura autoritária e patriarcal de seis milénios é tipificada por uma armadura caracterológica contrária à sua natureza interior e insensível à miséria social que o rodeia.

Desde que apareceu o patriarcado, o prazer natural do trabalho e da actividade foi substituído pelo dever obrigatório.

A formação de massas que sejam cegamente obedientes à autoridade não é consequência do amor filial natural, mas da família autoritária. O recalcamento da sexualidade em crianças e adolescentes é o mais importante meio de obter aquela obediência.


--

A família e a moralidade já estão sabotadas pela própria família e pela própria moralidade compulsiva.

--

Sentimentos como o de auto-afirmação, inferioridade, desejo de poder; não suportam ser contemplados à luz da consciência.

--

"A Função do orgasmo"
Wilhelm Reich
Publicações Dom Quixote, 1979
(2ª edição original publicada em 1947)

#00.096 Matriarcado

Homens seminais e amores promíscuos
Cai Hua, que viveu muitos anos entre os Nas nos socalcos do Himalaia e é autor do livro "Uma Sociedade Sem Pais Nem Maridos", afirma que a vida sexual é muito satisfatória no seio de uma sociedade matrilinear efectiva: 

“A sua sexualidade não é uma mercadoria, mas sim algo de inteiramente sentimental e amoroso, que não implica repressões morais.”

A sexualidade dos Nas nasce do simples consentimento mútuo e iniciam ou terminam estas relações promiscuas quando lhes apetece.


Mantém-se o costume rural das visitas nocturnas secretas e, após o culminar da união, o homem seminal regressa ao lar materno, onde habitualmente vive.

Tanto os homens como as mulheres são completamente livres de escolherem os seus múltiplos pares, embora as preferências eróticas vão geralmente para os primos.

Cuidado! 

Nunca se deve falar de assuntos sexuais, a menos que seja um gracejo bastante subtil.

Os pouco beneficiados fisicamente, os deficientes e os já idosos não têm muitas oportunidades de viver um romance e ainda menos de se preocuparem com a elevada incidência de doenças venéreas.

--

Talvez os Mosuos, outro subgrupo dos Naxi, estabelecidos perto do lago Lugu, na fronteira com a província de Sichuan, tenham preservado melhor a tradição do acasalamento. 


Na sua axia (palavra que significa "grupo de amigos”), não há espaço para o matrimónio. Os cônjuges não são designados por marido e mulher, mas sim por amigos.

Uma rapariga em idade núbil conta com um quarto especial, também chamado "axia", onde um companheiro escolhido pela família pode passar as noites com ela. 


De manhã, regressa ao lar materno, enquanto a jovem fica na sua própria casa. Se a dama que recebe não se sentir satisfeita com o par, fecha simplesmente a porta da axia e termina, assim, a relação amorosa. 

Se nascer um bebé, o casal não forma uma nova família, pois o filho é criado no seio da família materna.

--

Os filhos são criados com as famílias maternas

Em geral, os filhos dos naxi não conhecem os seus pais biológicos, pois poderá ser qualquer dos amantes com quem a mãe manteve relações sexuais.

Uma das tias maternas será encarregada de desempenhar o papel masculino paterno junto dos filhos que convivem no grupo familiar. 


Embora todos os filhos sejam sempre criados com as famílias das mães, e delas recebam o nome e apelidos, apenas as filhas herdam os bens.

As mulheres naxi detêm todos os atributos dominantes como chefes de família. Cedem as tarefas mais leves e fáceis, como a música, aos homens, e reservam para si próprias o trabalho árduo e importante, como o cultivo dos campos ou as vendas dos produtos no mercado, assim como os deveres da maternidade.




quinta-feira, julho 27, 2006

#00.095 Prá menina e pró menino

PARA AS MENINAS: 
"São trocas baldrocas,
Altas engenhocas que eles sabem inventar;
São palavras ocas
Faz orelhas moucas
Não te deixes enganar"

E AGORA, PARA OS MENINOS: 
"Quando a cabeça não tem juízo,
O corpo é que paga,
O corpo é que paga;
Deixa-o pagar,
Deixa-o pagar;
Se tu estás a gostar."

E TOCA A RODAR!

--

Pois é, pois é, que querem,

hoje acordei e deu-me pra isto!

--

P.S. - Já agora, não posso deixar de agradecer à Cândida Branca Flor e ao António Variações pela sua colaboração neste post.

terça-feira, julho 25, 2006

#00.094 Monogamia/Poligamia/Promiscuidade - Introdução

Os textos que se seguem (093 até 088) são propostas para explicar algumas ideias enraizadas na nossa sociedade!

Apesar de estar “convencido” da relativa correcção do que escrevo, assumo que são teorias, ou seja, podem estar incompletas, podem estar erradas e de certeza que estão sujeitas ao escrutínio alheio.

Todas as críticas construtivas (sobretudo as negativas) são bem-vindas!

#00.093 Promiscuidade

A palavra “promiscuidade” costuma ser usada num sentido depreciativo. 

Rotular o comportamento sexual de uma pessoa como promíscuo, sobretudo se for uma mulher, é considerado ofensivo.

No mínimo, assume-se que essa pessoa tem um comportamento irresponsável e/ou leviano.

No entanto, Promiscuidade define uma das três possibilidades de relacionamento entre os seres humanos.

Pode constituir uma classificação “técnica” isenta de julgamentos morais.

A sua carga negativa resulta da mentalidade religiosa judaico-cristã-islâmica, bem como de ideias estereotipadas e/ou preconcebidas sobre a sexualidade.

#00.092 Sexo e família - classificações

O relacionamento sexual e familiar entre indivíduos da espécie humana enquadra-se em três categorias:

Monogamia / Poligamia / Promiscuidade



MONOGAMIA
A sexualidade/conjugalidade é partilhada apenas entre duas pessoas.

Monogamia sucessiva
O casal é formado de acordo com as conveniências da altura e pode ser terminado. 

Outro casal pode ser formado e assim sucessivamente.

Monogamia simples
O casal é formado para a vida. 

Se um dos cônjuges morrer o outro permanece solitário.



POLIGAMIA
A sexualidade/conjugalidade é partilhada por mais de duas pessoas numa relação de um-para-muitos.

Poliginia Um homem, várias mulheres.

Poliandria Uma mulher, vários homens.




PROMISCUIDADE 

A sexualidade/conjugalidade é partilhada por quatro ou mais pessoas numa relação de muitos-para-muitos.

Ao contrário das duas formas anteriores a promiscuidade não tem qualquer subdivisão.


Alguns autores enquadram a promiscuidade na poligamia ou como uma forma de poligamia. 


Não me parece correcto. 

A promiscuidade é uma possibilidade de relacionamento independente com características próprias.

#00.091 Rigidez e mobilidade nas classificações

As classificações incidem sobre o comportamento sexual / familiar.

Teremos, por exemplo, a monogamia sexual e a monogamia familiar, as quais podem, ou não, ser praticadas em simultâneo.

Por sexual, não considero necessário avançar com qualquer explicação.

Por familiar, assumo a tradição e/ou a lei em vigor em determinado país ou estado que regula a forma como as pessoas constituem e vivem as suas famílias (conjugalidade).


Rigidez familiar
Numa determinada sociedade os praticantes de uma das duas primeiras formas são classificados de forma definitiva. 


Desconheço alguma que preveja a “mistura” das classificações.

A pessoa que tenha um casamento monógamo, não pode ter ao mesmo tempo um casamento polígamo. E vice-versa.

Não conheço (ou não me lembro de) sociedade alguma que pratique ou tenha praticado o casamento sobre a forma da promiscuidade.


Mobilidade sexual
O mesmo não acontece quando a classificação reflecte as práticas sexuais, as quais sendo muitas das vezes secretas (e enquanto assim permanecerem) escapam a um controlo “oficial” e rígido.


Existem transições entre as várias formas em diferentes alturas da vida pessoal. 


Pode inclusive, haver acumulação de classificações numa mesma pessoa, que pode, por exemplo, estar envolvida numa relação familiar/sexual monógama e numa relação sexual polígama ou promiscua!

#00.090 Relações de poder

Monogamia sucessiva
1. Ambos os parceiros assumem a relação a dois e a fidelidade sexual como um valor sagrado a defender.


2. Teoricamente esta é uma relação de igualdade entre as partes. 
Ambas assumem um relacionamento que lhes impõe um conjunto de limitações partilhadas.


3. Historicamente a monogamia tem-se revelado uma falsidade.
a) O sexo que detém o poder económico/legal mantém a monogamia como valor a cultivar, mas apenas para a outra metade. 

De facto, as sociedades familiares monogâmicas são sociedades familiares/sexuais poligâmicas, sobretudo na forma de poliginia!


4. A monogamia também tem a desvantagem de contrariar o desejo sexual, o qual é independente da emoção. 
Ao se querer restringir a sexualidade a apenas um parceiro, está-se, de facto, a contrariar a nossa natureza.
a) Está provado que ao longo da sua vida sexual muitas pessoas transgridem a regra da fidelidade e sobre muitas outras que não o fazem: perante a possibilidade de transgredir com a certeza absoluta de que não seriam descobertas, fá-lo-iam!



Monogamia simples 

1. Aplicam-se as mesmas questões que para a Sucessiva com a agravante de se retirar a possibilidade de segunda oportunidade (geralmente à mulher).

Como se o outro membro do casal tivesse de pagar uma qualquer factura pela morte do parceiro.



Poliginia 

1. O homem assume a liberdade, dependendo das regras em vigor nessa sociedade, de possuir várias esposas e/ou amantes.
a) A fidelidade é obrigatória para a mulher, mas não para o homem.

b) Nessas sociedades o homem tem o domínio religioso, económico e legal, reprimindo, muitas das vezes através da violência física se necessário, qualquer transgressão da parte da mulher ou tentativas de alteração do status quo.




Poliandria
1. Não tenho grandes conhecimentos sobre esta forma quase extinta de organização, mas o que sei indica que, apesar do domínio feminino, a repressão sobre o homem é muito menor.
a) Quando as mulheres dominam tratam melhor os dominados do que no caso oposto.

b) É compreensível essa maior benevolência feminina uma vez que o rigor e até mesmo a ferocidade com que os homens dominam origina-se na “necessidade” de garantir a paternidade e na certeza da superioridade física.



Poligamia/Promiscuidade em sociedades Monogâmicas 

1. Nas sociedades ditas ocidentais onde existe de facto protecção legal à igualdade entre os sexos, são praticadas ambas as formas de poligamia, bem como a promiscuidade.


2. Não sendo permitidas como norma familiar pelo direito em vigor, vão-se mantendo na sua forma sexual, sob a forma de casos extraconjugais, assumidos dentro do casal ou em segredo.


3. Geradoras de divórcios, penalizam, de uma maneira geral, a mulher. 

Apesar de previstas de compensações financeiras por parte do ex-marido.
a) Estas dependem muito da eficiência do sistema legal.

b) De resto a mulher acaba ainda, muitas das vezes, por ficar com a carga mais pesada das obrigações pós divórcio, no caso de haver filhos.

4. Excepto alguns casos menos comuns em relação à norma praticada, mesmo nas sociedades onde existe liberdade económico-legal da mulher, esta acaba, muitas das vezes, por ficar mais limitada nas suas opções.

#00.089 Estratégias para garantir a fidelidade feminina

(e assegurar acesso exclusivo à fonte reprodutora)
 

1. A moral.
 

2. O controlo de movimentos.
 

3. A dor ou ausência de prazer do acto sexual.


-/-
  
Sobre 1.
É a forma mais suave de controlo.
É tão eficaz que as vítimas assumem muitas vezes a defesa da moral que as reprime, a favor do opressor e contra outras vítimas que tentam libertar-se.

Sobre 2.
Praticado nas sociedades monogâmicas e poligínicas!
Quer usando acompanhantes, impondo horários reduzidos ou encerrando as mulheres em locais controlados.

Sobre 3.
A forma mais eficaz de garantir a descendência. 

A mulher não sente qualquer prazer no acto sexual. 
De facto, muitas das vezes sente dor, fazendo com que o acto seja um sacrifício ao qual se submete por desejo de maternidade, sentido do dever e / ou  coacção.

#00.088 Monogamia/poliginia e a sociedade patriarcal

Considerando como correcta a premissa: 
O homem defende a monogamia/poliginia para defender a “certeza” da paternidade;

Que vantagens existem para a mulher em aceitar a monogamia, uma vez que o problema da incerteza na maternidade não se coloca?

Numa sociedade onde as mulheres são subalternizadas, tratadas como seres inferiores com poucos ou nenhuns direitos, quer económicos quer legais, a mulher necessita de protecção!

Mas protecção de quem?
A única ameaça séria ao ser humano feminino enquanto grupo, é o ser humano masculino.

Entra-se então num círculo vicioso em que a mãe, a mulher, a filha, são protegidas pelo homem da ameaça criada por outros homens.

O homem fornece uma solução para um problema que ele próprio representa!

A sociedade patriarcal, assentando na insegurança masculina e no desejo primitivo de se perpetuar através da reprodução, assume uma forma parasitária sobre todas as mulheres!

As mulheres que defendem a monogamia, defendem, independentemente das suas convicções, um valor que lhes foi inculcado desde a nascença pela sociedade patriarcal. 


Um valor que serviu e serve os interesses dos homens.

Ao dizerem que acreditam nesses valores, pouco mais confirmam que a melhor forma de convencer uma pessoa a fazer algo contra os seus interesses, é levá-la a acreditar na correcção desses ideais.


E assim, papagueando os valores masculinos, as mulheres perpetuam um mal que, em muitas sociedades, foi e é usado para as tratar como pouco mais do que gado reprodutor.


terça-feira, julho 04, 2006

#00.087 Morte anunciada

Conheço várias formas de uma paixão morrer:

1. Tédio
Acontece quando a paixão se concretiza em relação.
Nada como a realidade para acabar com as ilusões!
Se der para o torto,a paixão não passa a amor, ou este dura pouco tempo.

2. Conversão
A relação correu bem e a paixão "converte-se" em amor.

3. Dor Aguda (sofrimento)
A relação concretiza-se mas termina antes do tédio acabar com a paixão!

4. Dor crónica (morte lenta)
A relação nunca se concretiza e a paixão vai-se arrastando ao longo dos anos, muitas vezes atravessando várias relações!

#00.086 Citando:

(...)
É verdade, tu seduziste-a, mas ela também te seduziu. 

Entre as astúcias das mulheres e a avidez dos homens, de que serve discernir quem é mais responsável?
(...)
P.340

«A Montanha da Alma»
Gao Xinjian
Publicações D. Quixote

 

-/-

A tua exigência sem amor, revolta-me.
O teu amor sem exigência, humilha-me.
O teu amor exigente, dignifica-me.
Henri Caffarel, padre francês

-/-

Um amor sem exigência não é amor.
Seja por preguiça ou por medos, o amor mole, demasiado condescendente e inconsequente, não é amor.
É coisa nenhuma.
Laurinda Alves, Revista Xis, 358 / 13MAI2006

Curtas #0016

O amor de um homem não vale o fim da amizade entre duas mulheres.
(e vice-versa)

Curtas #0015

É mais fácil ter bom sexo do que boa amizade.

#00.085 Amizade e sexo

Muitas pessoas acreditam que não é possível haver “apenas” amizade entre um homem e uma mulher!

Conheço três categorias em que essa situação pode ser enquadrada:

1. Inexistência de atracção mútua.

 
2. Atracção de um para outro. 

a) Homem pela mulher
b) Mulher pelo homem

3. Atracção mútua 

a) H > M
b) M > H
c) H = M

Exceptuando o caso 1, que é fácil, os outros dois apresentam (em ordem crescente) maior dificuldade em evitar um envolvimento sexual.

São vários os factores que intervêm na decisão de passar de “apenas” amizade, para amizade + sexo.

4. Quantidade de atracção individual ou mútua. 

Quanto maior for a atracção mais difícil será.
Se for mútua, ainda pior.

5. O grau de satisfação emocional e sexual presente.
Que pode resultar da conjugação de vários factores:
a) Relação estável.
b) Relações ocasionais.
c) Experiências passadas e grau de satisfação e auto-estima obtidos.
d) Felicidade profissional.
e) Felicidade familiar.

6. Facilidade em encontrar novos parceiros sexuais.

 
7. Maior ou menor preponderância para a actividade sexual.

 
8. Moral/Ética religiosa e/ou pessoal.
Em último caso, pode resumir-se tudo ao grau de maturidade dos intervenientes. Quanto maior for, maiores as probabilidades de ter sucesso!

Penso que se pode propor uma relação de proporcionalidade directa entre a “quantidade/qualidade” de atracção física e a “quantidade/qualidade” de maturidade necessária para resistir!

#00.084 Carinho: dar e receber

O acto de dar e receber carinho desenvolve-se em 3 fases que se interrelacionam em progressão:
(1.)
O acto de dar carinho.

(2.)
Acreditar que o carinho dado é recebido com prazer.
(carinho que nos é retribuído de forma passiva)

(3.)
Receber carinho.
(carinho que nos é dado de forma activa)

Acarinhar alguém de quem se gosta é um acto que dá prazer.
No entanto, é um acto que se completa apenas em (2.) e atinge o expoente máximo em (3.).

Quando damos (1.), sem receber (2.), talvez seja inevitável sentir-mo-nos frustrados / tristes.

A ausência de confirmação de que aquilo que damos não é recebido com (pelo menos) igual prazer com que foi dado, magoa.
 

E, quanto maior a entrega, maior a angustia.

A insistência em praticar (1.) sem receber (2.) pode conduzir a uma situação em que a vontade de dar carinho se associa à dor.

Receber (3.) é importante, mas não é crucial.

#00.083 O sexo e as suas finalidades

Por outras palavras, os tipos de quecas:

1. Reprodutora
2. Religiosa
3. Conjugal
4. Por amor
5. Recreativa
6. Terapêutica
7. Profissional
8. Estratégica
9. Doentia

Cada uma destas finalidades tem as suas características específicas, as quais se podem intercruzar.

1. A queca reprodutora: 

O objectivo é a reprodução

2. A queca religiosa: 
Praticada em várias religiões/culturas ao longo da nossa história.

3. A queca conjugal
a) Por obrigação:
a chamada consumação do casamento.
b) Por reprodução: Porque é preciso multiplicar-nos.
c) Por amor: Porque é bom fazê-lo com quem se ama e se casou.

4. A queca por amor 

Porque é bom com quem se ama, mesmo sem casamento.

5. A queca recreativa 

Porque é bom, mesmo sem amar e sem casamento.

6. A queca terapêutica
a) Por amizade/carinho:
Porque a outra pessoa nos é querida e porque uma boa sessão de sexo faz bem e alivia a alma.
b) Para acalmar o corpo e o espírito: Por vezes a masturbação descomplexada é recomendada para adormecer mais rápido.
E sem dúvida que é mais agradável que contar carneirinhos

7. A queca profissional

Pagar pelo sexo.
Sendo este uma actividade como tantas outras também se pode comprar e vender.

8. A queca estratégica
a) Para subir na carreira:
A chamada progressão horizontal.
b) Espionagem: Para obter informação.
c) Guerra: Como forma de humilhação, terror e submissão.

9. A queca doentia
a) Baixa auto-estima:
Para aquelas pessoas que necessitam de sexo para se relacionarem.
b) Violação / pedofilia.
c) Vingança.

#00.082 Desafios

Costumo desafiar as pessoas para o seguinte:
Se eu fosse extraterrestre de uma espécie que 
se reproduzisse assexualmente, como explicariam 
plausível e coerentemente, os ciúmes, 
o sentimento de posse, a monogamia e a 
sua associação ao amor?

Até agora nunca ninguém o conseguiu!
É isso que procuro, alguém que me explique a coisa…

#00.081 Cenas de um filme antigo

Não seria ridículo fazer uma cena de ciúmes 
por causa de uma amizade?

Dizer algo como: 
Só podes ter-me a mim como amigo(a)!

Porque se fazem então, cenas de ciúmes 

por causa do sexo?
 

Seremos nós menos homens ou mulheres, 
menos gente, por as pessoas que amamos 
partilharem a sua sexualidade com outras, 
tal como o fazem com a amizade?

#00.079 Os muros, a paisagem e a fidelidade

Existem pessoas que insistem em levantar muros numa 
paisagem bela a perder de vista!
./.
O problema não está em ser-se feliz com a monogamia.
O problema está em apenas se ser feliz com a monogamia!

#00.078 A liberdade de consumir

A liberalidade/liberdade sexual não significa, 
nem conduz obrigatoriamente à sua prática 
em quantidades industriais.

A conjunção entre os critérios, 

as oportunidades e o bem-estar pessoal, 
influenciam grandemente o comportamento e as escolhas.

Não é porque uma pessoa acredita que o sexo 

é coisa simples e natural, 
que é “obrigada” a foder com tudo e mais alguma coisa 
que lhe apareça pela frente!

Creio que muitas pessoas assumem religiosamente a fórmula: 

Liberdade sexual = sexo em quantidade exagerada!

Não é porque se gosta de doces e que se podem comer todos quantos se quiser (ou a barriga aguentar) que se vai passar o tempo a fazê-lo!

segunda-feira, maio 29, 2006

quarta-feira, maio 24, 2006

sábado, maio 20, 2006

#00.076 Muitas relações abandonam-se, permanecendo nelas...










Costas com costas, na cama, na vida!

Mãos que não se tocam, que não brincam.
Olhos que não brilham.
Sorrisos de anúncio!


Rotinas e conversas partilhadas sem gosto.
Como se um qualquer realizador de filmes manhosos lhes tivesse imposto um guião tortuoso.

Os filhos que ainda não cresceram, o medo da solidão, a ausência de alternativas, a falta de dinheiro, os mal entendidos acumulados durante anos, o ressentimento que vem com a morte dos sonhos de cada um!

E os silêncios, longos, tristes.
Cheios de monólogos, para uma plateia vazia…


--

Um Obrigado à Marion:


e ao
Johnny:


:-)
Foto: cortesia da Marion.

#00.075 Já dizia o velho Sócrates:

Será possível a uma pessoa que não sabe explicar o que é o amor... amar?

sexta-feira, maio 19, 2006

#00.074 Citando...

A vida tem de nos correr bem de maneira a que estejamos contentes com ela e possamos contribuir para que a vida corra bem aos outros. E mesmo quando apenas nos fazemos felizes a nós mesmos – cada centelha de felicidade que entra no mundo, torna-o num lugar mais feliz, trate-se de uma centelha própria ou estranha. Apenas não podemos fazer mal a ninguém.

- Pag. 119

--

“...
Conversar deixará de ter sentido porque, embora ajude a compreender o outro, não ajuda a suportá-lo; ou porque o mais importante não é compreender o outro, mas suportá-lo?

Mas, e que importância tem isso de se suportar alguém? – suportaremos apenas os que são iguais a nós?
- Pag. 165

--

“...
só suportamos os nossos iguais – isto não será racismo ou chauvinismo ou fanatismo religioso?
...”

- Pag. 165

--//--

“Amores em fuga”
Bernhard Schlink
Edições ASA

#00.073 “Para passear tenho a minha mulher. Se sair com outras é para foder!”

Foi isto que um conhecido me disse.
É possível que represente a mentalidade de muitos homens (e mulheres?).

#00.072 Antigamente é que era!

Frases retiradas de revistas femininas da década de 50 e 60:(Humor negro, vindo dos confins do nosso passado!)


Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas.
(Jornal das Moças, 1957)

Se desconfiar da infidelidade do marido a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afecto.
(Revista Cláudia, 1962)

 
A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa.
(Jornal das Moças, 1965)

A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas. Nada de incomodá-lo com serviços domésticos.
(Jornal das Moças, 1959)

Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa.
(Jornal das Moças, 1966)
 

A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar uma mulher por não ter resistido às experiências pré-nupciais, mostrando que era perfeita e única, exactamente como ele a idealizara.
(Revista Cláudia, 1966)

Mesmo que um homem consiga "divertir-se" com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu.
(Revista Querida, 1964)
 

O noivado longo é um perigo.
(Revista Querida, 1953)

É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido.
(Jornal das Moças, 1968)

O lugar da mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza.
(Revista Querida, 1961)

#00.071 E agora, o Amor em exclusividade

O Post:
Amar, amamos uma pessoa de cada vez. Isso de que falas é atracção, nomeadamente física. Podemos amar alguém e simultaneamente sentir desejo por outra. Amar duas pessoas é impossível...quer queiras quer não por uma delas só te interessa o corpo, o prazer, o olhar, a intensidade, o calor, o mar, o sexo, bom! Difícil, nestes casos, é distinguir qual delas amamos!

O autor:
Carlos Florindo
http://drunfo.blogspot.com/

Postado aqui:
http://perguntarnaofende.blogspot.com/2006/05/se-amamos-uma-pessoa-mas-estamos.html#comments

--

Os meus comentários:

“…amar duas pessoas é impossível…”

- Ora aí está uma coisa que não compreendo.

Quando se ama alguém, ama-se por um determinado conjunto de características (não importa quais).

Em várias etapas nas nossas vidas, podem amar-se várias pessoas.
Por alguma razão que não percebo, muita gente acredita que apenas se pode amar 1 pessoa de cada vez!

Ou seja, existe no amor, uma qualquer propriedade que torna impossível amar ao mesmo tempo duas pessoas que, em diferentes alturas da nossa vida, teríamos amado em separado.

O meu problema, além de não perceber o porquê, é não ter encontrado ninguém que me soubesse explicar qual é essa misteriosa propriedade que gera a exclusividade e elimina a simultaneidade!

quinta-feira, maio 18, 2006

#00.070 Tás e pensar em quê, querido(a)?

Parte II

Tendo em consideração que os nossos pensamentos são o que mais íntimo possuímos, querer saber (constantemente) o que outra pessoa está a pensar não constituirá uma falta de educação e um abuso de confiança?

#00.069 As vantagens, para escritores preguiçosos, das trocas de ideias:

(ou, como agradecer à Flor.)


Não existem entregas descomprometidas.

--

Existe tempo/espaço para relações fast-food.
É o tempo/espaço do prazer na descoberta!
Prazer que se basta a si mesmo!

Existe tempo/espaço para a intimidade da partilha.
Para viajar em mar alto onde as profundidades são maiores.

E existe tempo/espaço para a co-existência de ambas as situações na mesma pessoa!

--

Se tantas pessoas e tanto “especialista” declara a impossibilidade ou pelo menos a altíssima improbabilidade de encontrar uma única pessoa que nos complete, porque razão nos limitamos a uma?

--

Será realmente importante que a maioria das nossas relações sejam light e/ou fast-food?

Talvez preocupante seja quando essas relações assumem um carácter exclusivo na nossa vida!

Quando não existe ninguém com quem partilhar outras formas de intimidade!

E, sobretudo, pelo menos uma pessoa com a qual se partilhar TODAS as formas de intimidade, incluindo a sexual!

--

A intimidade não é um valor absoluto, no sentido em que ou há ou não há.
A intimidade constrói-se aos poucos, em níveis.

--

Uma pessoa que afirme amar incondicionalmente outra:
a) Não tem noção do que diz.
b) Está a mentir.
c) É doente.
d) Tem uma noção do Amor incompatível com a minha.



sábado, abril 29, 2006

#00.068 Tás e pensar em quê, querido(a)?

NADA!

--

Uma vez que pensar em nada, parece ser uma impossibilidade técnica.
A resposta não será, sempre, uma mentira?

E nesse caso, NADA significará algo como:
Tou a pensar em algo que (de momento) não quero partilhar!

--

vi aqui:
http://another-w.blogspot.com/2006/04/post-roubado_27.html

roubado daqui:
http://sextacoluna.blogspot.com/2006/04/nada.html

sábado, abril 15, 2006

Curtas #0012

Ao contrário do que muita gente pensa,
o sexo não é o maior acto de intimidade entre dois seres humanos!

domingo, abril 09, 2006

#00.066 «Se queres o meu futuro, esquece o meu passado»

- SPICE GIRLS

--

As mulheres, ao contrário dos homens, não se preocupam muito com quantas mulheres houveram no passado do seu amado.

Preocupam-se sim, com quantas haverão no seu futuro.

Os homens deviam aprender com elas!

sábado, abril 08, 2006

#00.065 iNCÓMODOS

Nunca me incomodou que as mulheres de quem gostei tivessem sexo com outros homens.

Incomodava-me, sim, que não o tivessem comigo!

quarta-feira, março 01, 2006

#00.064 cASAMENTO & rELIGIÃO

(…)
o casamento no Ocidente - embora formalmente laicizado e civilizado pelo Estado - continua a ser, para os católicos, um transcendente «sacramento» e, nesse sentido, um símbolo absolutamente respeitável e a respeitar.
(...)


OPINIÃO Pedro Norton(publicado na pág. 54 da revista Visão de 09 de Fevereiro de 2006)

--

Comentários:
E não apenas para os católicos.
O casamento, enquanto contrato de união entre duas pessoas, continua preso aos valores assumidos pelo catolicismo limitando a liberdade de escolha pessoal sobre como cada pessoa deseja "unir-se" a outra(s).

terça-feira, fevereiro 28, 2006

#00.063 pAIXÕES

Só quando estamos apaixonados somos realmente de alguém!
O que é mau, mas, felizmente, cura-se por si!

sábado, fevereiro 04, 2006