A vida tem de nos correr bem de maneira a que estejamos contentes com ela e possamos contribuir para que a vida corra bem aos outros. E mesmo quando apenas nos fazemos felizes a nós mesmos – cada centelha de felicidade que entra no mundo, torna-o num lugar mais feliz, trate-se de uma centelha própria ou estranha. Apenas não podemos fazer mal a ninguém.
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Conversar deixará de ter sentido porque, embora ajude a compreender o outro, não ajuda a suportá-lo; ou porque o mais importante não é compreender o outro, mas suportá-lo?
Mas, e que importância tem isso de se suportar alguém? – suportaremos apenas os que são iguais a nós?
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só suportamos os nossos iguais – isto não será racismo ou chauvinismo ou fanatismo religioso?
...”
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“Amores em fuga”
Bernhard Schlink
Edições ASA
7 comentários:
Caro HP, tu é oito ou oitenta. Já estou fora do expediente por hoje. Depois volto para comentar melhor as últimas pérolas.
Bom fim de semana!
"A vida tem de nos correr bem de maneira a que estejamos contentes com ela e possamos contribuir para que a vida corra bem aos outros"
Assim é muito fácil. O complicado é conseguirmos contribuir para a felicidade dos outros quando a vida nos corre mal. É sermos humanos mesmo quando nos estamos a sentir "abaixo de cão". É termos todas as razões do mundo para estarmos deprimidos e infelizes, mas fazermos das tripas coração, e conseguirmos estar de bem com a vida, e exibirmos a mesma força de sempre.
Este é justamente um dos motivos pelos quais uma das pessoas que mais admiro (apesar de já ter morrido) é o Freddie Mercury. A voz que canta o "The Show Must Go On" é a voz de um tipo que sabe que vai morrer, mas não baixa os braços. Lição de vida do caraças!
”… mas fazermos das tripas coração, e conseguirmos estar de bem com a vida, e exibirmos a mesma força de sempre. …”
- Isso será simular ou ser?
Podes andar de rastos e ninguém saber. Podes ajudar as outras pessoas a ultrapassar os seus problemas quando não consegues ultrapassar os teus, podes ter sempre um sorriso e uma palavra amiga para quem precisa quando, por dentro, choras!
Isso fará de ti um ser humano bonito, não fará de ti um ser humano feliz!
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Não posso deixar de concordar contigo que é muito mais fácil fazer alguém feliz quando também se está feliz! Mas é uma felicidade pontual, a de ajudar outras pessoas, de dar um exemplo de vida!
Numa relação, essa simulação pode notar-se, é uma máscara. E paga-se um preço, por simular.
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”… A voz que canta o "The Show Must Go On" é a voz de um tipo que sabe que vai morrer, mas não baixa os braços. Lição de vida do caraças! …”
- É uma boa lição. Mas não será o único, felizmente! Muitas pessoas se revelaram em situações limite, pessoas pelas quais nada se daria. Enquanto outras muito admiradas, falhavam completamente!
A concepção da morte, o que fizemos na nossa vida, pode ajudar a enfrentar uma morte que com data marcada!
Ele pode ter estado bem com o seu fim. Não é preciso força para lutar contra algo que não nos incomoda.
Esta é outra perspectiva de encarar a situação.
E neste caso, a lição de vida não seria a força em enfrentar a morte que está a chegar, mas sim a calma aceitação do inevitável! (que vai chegar para todos nós)
"Isso será simular ou ser?"
Diria que depende de como "fizeres a coisa". Já me aconteceram ambos. O simular é exactamente como descreves. Mas só lhe chamo "simular" do ponto de vista dos outros. Pela minha parte, tenho consciência que, ao fazer um esforço para me manter "em cima", acabei por conseguir lidar muito melhor com o problema (sim, já aprendi que isto é má ideia numa relação.). Houve outras ocasiões em que os meus amigos e a minha companheira sabiam exactamente o que se estava a passar comigo. Nessas, não lhe chamaria "simular".
No fundo, trata-se de uma opção. Sim, a vida corre-me mal. Mas eu tenho que fazer um esforço para não me deixar ir abaixo por causa disso. É claro que isto depende daquilo que a vida decidir atirar-me para cima, Não sou nenhum super-herói :)
Quanto a lições de vida, claro que há outras - o Lance Armstrong, p.ex.
Relativamente ao Freddie, por acaso tens razão. Agora que penso nisso, quando falei em não baixar os braços, referia-me a não desesperar, não propriamente enfrentar a morte. Tal como dizes, a morte não se enfrenta, aceita-se. Faz sentido. O que ele enfrentou, e de forma admirável, foi o sofrimento da doença, durante os últimos anos de vida.
Quanto á concepção de morte, é verdade que as nossas crenças nos podem ajudar a lidar com muita coisa. Mas não deixa de ser precisa muita força para manter a nossa fé nessas crenças, quando chega "o momento da verdade".
Tenho aqui umas lições de vida para aprender...
“… só lhe chamo "simular" do ponto de vista dos outros. …”
- Discordo, pelo menos da forma com que interpreto as tuas palavras.
Simular é sempre do ponto de vista de quem age.
1. Podes simular:
a) para os outros.
b) para ti.
c) para ambos.
2. O destinatário da simulação pode:
a) ter conhecimento da mesma.
b) ou não.
3. A simulação pode vir a concretizar-se numa mudança:
a) para melhor.
b) para pior.
c) nada mudar.
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“… ao fazer um esforço para me manter "em cima", acabei por conseguir lidar muito melhor com o problema …”
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:-)
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“… Mas não deixa de ser precisa muita força para manter a nossa fé nessas crenças, quando chega "o momento da verdade". …”
- Concordo.
OK. Qd digo "do ponto de vista dos outros", chamemos-lhe simular "para os outros".
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