sábado, maio 20, 2006

#00.076 Muitas relações abandonam-se, permanecendo nelas...










Costas com costas, na cama, na vida!

Mãos que não se tocam, que não brincam.
Olhos que não brilham.
Sorrisos de anúncio!


Rotinas e conversas partilhadas sem gosto.
Como se um qualquer realizador de filmes manhosos lhes tivesse imposto um guião tortuoso.

Os filhos que ainda não cresceram, o medo da solidão, a ausência de alternativas, a falta de dinheiro, os mal entendidos acumulados durante anos, o ressentimento que vem com a morte dos sonhos de cada um!

E os silêncios, longos, tristes.
Cheios de monólogos, para uma plateia vazia…


--

Um Obrigado à Marion:


e ao
Johnny:


:-)
Foto: cortesia da Marion.

17 comentários:

florzinhanina disse...

este texto é por demais real.
e passa-se na maioria dos lares de portugal, poucos são capazes bater a porta ... quem o faz ás vezes cortam na casaca...
a mesquinhez de um povo, nasceram para sofre vá sofram...
mas bom texto.
beijo

Anónimo disse...

até me arrepiei... mas é bom recordar os erros que fizemos, ao menos que se aprenda.

durante cinco anos vivi assim.
Por todas as razões que enuncias e outras mais. sacrificamos muito pelos filhos mas temos realmente que pensar em nós e afinal de contas, também para as crianças é terrível viver assim.

é horrível viver com alguém e sentirmo-nos como se estivessemos num deserto.


conseguir "saltar" é uma vitória, ACREDITEM!

AW disse...

olá
já lá tens a foto e a ligação ao teu post (a duas mãos)
beijos

johnny handsome disse...

Um "obrigado" teu, Amigo HP, embora não o entenda é um cumprimento. Obrigado eu pela argumentação saudável que tens dado!
E depois das "cortesias" vamos à "faena" própriamente dita:

Ilustraste irrepreensívelmente o que disseste na frase que titula o post.
Um fim rápido de uma agonia é sempre misericordioso. Muitas vezes falta é a coragem para o golpe de misericórdia. Devia haver uma eutanásia para paixões terminais.

AW disse...

já viste que a discussão no AW deu pano para mangas ????? interessantes observações que andam por lá :-)

Lolita disse...

às vezes são dificeis de esquecer, de abandonar e de ficar... :-(

homempasmado disse...

Flor e Sony:
Obrigado!
:-)

--

Sony:
Sim, mas não apenas. O problema põe-se, em primeiro lugar, entre pessoas!

--

Maia:
Ainda bem que ultrapassaste.
Agora, não deixes o diálogo morrer, mesmo que o silêncio seja mais fácil!

--

Marion:
Já coloquei a foto no meu post.
Jinhos tb pra ti.

Já fui ver e assim que puder, meto-me ao barulho.
:-)

--

JH:
Um obrigado a ti e à Marion, porque sem os vossos comentários eu não teria feito o post!
:-)

Uma pílula do esquecimento!

--

Lolita:
E doem. Por estar nelas, por sair, pela frustração dos erros que cometemos, pelos filmes alternativos que fazemos na nossa cabeça…
:-(
:-(

Llyrnion disse...

"Os filhos que ainda não cresceram, o medo da solidão, a ausência de alternativas, a falta de dinheiro, os mal entendidos acumulados durante anos, o ressentimento que vem com a morte dos sonhos de cada um!"

Estava a ler esta lista, e veio-me à cabeça mais um item - a teimosia que nos impede de admitir que somos incapazes de fazer a nossa cara-metade feliz. É que isso é um fracasso, e ninguém gosta de admiti-los.

Mas não deixa de ser irónico que, muitas vezes, foi isto que me impeliu a dar o primeiro passo para resolver situações de crise. Resolver, realmente, e não apenas varrê-las para debaixo do tapete.

Tudo - mas mesmo tudo - tem solução, desde que ambos queiram. Quando uma relação morre, é porque as pessoas envolvidas não quiseram fazer o esforço de a manter viva. Não é uma crítica, é a constatação de um facto.

Por vezes, o Destino é realmente irónico, e junta as pessoas novamente, algum tempo depois. E, por veses, à segunda, a coisa funciona. Ocorre-me uma frase - as pessoas são as mesmas, só que mudaram.

Exxcelente texto :)

homempasmado disse...

“… a teimosia que nos impede de admitir que somos incapazes de fazer a nossa cara-metade feliz. …”
- Também acontece.
:-(

--

“… Tudo - mas mesmo tudo - tem solução, desde que ambos queiram. …”

- Então e as incompatibilidades? Não me refiro a coisas comezinhas, refiro-me a opções de vida, princípios dos quais não podemos abdicar porque são essenciais à nossa felicidade!

Existem pessoas cuja concepção para uma vida em comum é por demais diferente para que não se magoem.
Para que um tenha o que quer, o outro não o terá.

Não se trata de ambos quererem. Trata-se de ambos serem!
As coisas boas da vida não são todas compatíveis entre si. Quando escolhes uma, podes fechar a porta a outra!

Se a escolha for incompatível com a da outra pessoa, a boa vontade não chega, o querer não chega!

É preferível terminar, ou pode-se cair no que dizes, naquela teimosia de não reconhecer que não somos capazes de dar a felicidade a outra pessoa!

--


“… Ocorre-me uma frase - as pessoas são as mesmas, só que mudaram. …”

- Sim, acontece. Mas o que mudou, o querer ou o ser?

Mudou-se sem consciência da mudança até que ela se tornou óbvia!

Outras vezes, foram aquelas coisas pequenas que antes se insistia e valorizava, mas que, por qualquer motivo, se deixou de valorizar.
Por vezes, pelo tal de medo de ficar só.
O medo é um poderoso motivador.

Outras vezes, o fim das opções levou-nos a deixar de valorizar o que antes se valorizava, porque se deixou de poder fazer o que antes se fazia!

Llyrnion disse...

Sim, todos nós temos um conjunto de princípios, de "características" que nos definem. Mas este conjunto não é imutável. Por vezes, mudamos sem dar por isso; por vezes, fazemos um esforço para mudar. Neste esforço, por vezes, falhamos; por vezes, conseguimos. Quando conseguimos, por vezes temos recaídas, quando nos esquecemos que este esforço de mudança é uma luta diária.

O querer pode condicionar o ser (apesar de habitualmente pensarmos o contrário), e existem duas motivações importantes para isto:
- A importância que atribuímos à pessoa que nos leva a querer mudar, e o quanto gostamos dela.
- A percepção que temos da importância que essa pessoa nos atribui, e o quanto ela gosta de nós.

Este segundo ponto é importante, pois "diz-nos" até que ponto a outra pessoa está disposta a mudar por nós, tal como nós estamos dispostos a mudar por ela. Não se trata de transformar a relação num "quid pro quo", mas é certo que se for apenas uma parte a mudar, a fazer um esforço considerável (talvez até monumental) para se adaptar à outra, isso não terá bom resultado.

É óbvio que nem sempre resulta, mas quando ambos querem... já vi verdadeiros milagres (não, eu não consegui realizar nenhum). Muito poucos, é certo :) Mas o facto de existirem, demonstra-me (até ver) que tudo é possível, se ambos estiverem realmente empenhados.

Afinal, já vi pessoas a mudarem aspectos importantes das suas vidas por consequência de gloriosas "epifanias". E não o digo como uma crítica, porque comigo já aconteceu o mesmo, e não duvido que voltará a acontecer. Então, porque não aproveitar essas incompatibilidades para descobrirmos até que ponto esses princípios (que sabemos, à partida, que até nem estão gravados na pedra) são assim tão importantes para nós.

No fundo, a questão é a seguinte - aquilo que somos muda por tantos motivos. Porque não pela pessoa com quem nos propomos a dividir a nossa vida?

homempasmado disse...

Lyrnion:
Gostei muito do que escreveste. E, de uma maneira geral, concordo contigo.

--

“… O querer pode condicionar o ser (apesar de habitualmente pensarmos o contrário), …”
- Sem dúvida, mas condicionar não é mudar.

--


“… No fundo, a questão é a seguinte - aquilo que somos muda por tantos motivos. …”
1.
Será que aquilo que somos muda assim tanto?
Há quem diga que a nossa personalidade não muda. Mudam-se pormenores, não o todo.

Não sei se assim é, mas gostaria que pudéssemos mudar, mesmo!

--


“…Porque não pela pessoa com quem nos propomos a dividir a nossa vida? …”

2.
É uma boa questão, mas não estarás a colocar o carro à frente dos bois?

Porque queres dividir a tua vida com uma pessoa que te obriga a mudar princípios que consideras muito importantes, para estar com ela?
Porque se sente necessidade de dar um passo tão importante quanto esse, com essa pessoa? O que se passa connosco, para desejarmos uma relação assim?

Talvez se entendermos que estamos errados em seguir esses princípios e essa pessoa sirva como ajuda para ultrapassarmos.
Assim, concordo contigo. Ajuda mútua para ultrapassar os nossos problemas e construir algo em comum.

De outro modo, talvez não nos devêssemos propor dividir a vida com essa pessoa!

--

3.
Talvez, como dizes, esses milagres tenham acontecido. Mas a nossa vida não é feita de milagres.

Penso que muito sofrimento seria evitado se:
a) As pessoas conversassem sobre o que querem para a sua vida em comum.
b) Estabelecessem o que é aceitável mudar e o que não é.
c) Não se enganassem a si próprias dizendo que a outra muda (sem a avisar que se pensa assim).
d) Recusassem uma relação, que, por muito que se goste da outra pessoa, vai dar confusão a médio/longo prazo!

E sobre d), a minha experiência é a de que os sacrifícios (como abdicar dos nossos princípios) pagam-se caro! Num futuro que até pode ser longo, vão ser cobrados e vão dar sofrimento!

--

4.
Os exemplos que conheces, apenas te podem dizer que naquelas situações específicas e com aquelas pessoas, essa mudança foi possível! O que está bem longe do “tudo é possível”.

Como não sei pormenores, não posso comentar…

Llyrnion disse...

"Há quem diga que a nossa personalidade não muda. Mudam-se pormenores, não o todo."

Eu acredito q é mudança. Sim, é uma luta constante e diária, mas - e posso dizê-lo por mim mesmo - funciona. Sinto-me melhor comigo mesmo do que há 8 anos atrás.

Podemos mudar, mas temos que manter a mudança. Pq numa coisa tens razão - a partir de certa altura, aquilo q somos, se não fizermos um esforço constante, não muda.


"Porque queres dividir a tua vida com uma pessoa que te obriga a mudar princípios que consideras muito importantes, para estar com ela?"

Pode acontecer já estar com ela. E pode acontecer achar q esses princípios, afinal, não são assim tão importantes, qd comparados com a importância q ela adquiriu para mim.


"b) Estabelecessem o que é aceitável mudar e o que não é."

Desde q seja um esforço contínuo, parece-me bem.


"E sobre d), a minha experiência é a de que os sacrifícios (como abdicar dos nossos princípios) pagam-se caro! Num futuro que até pode ser longo, vão ser cobrados e vão dar sofrimento!"

Sim, tb conheço alguns exemplos disto, infelizmente :(


«Os exemplos que conheces, apenas te podem dizer que naquelas situações específicas e com aquelas pessoas, essa mudança foi possível! O que está bem longe do “tudo é possível”.»

Mas é justamente aí que quero chegar - quem me garante q na minha situação específica a mudança tb não é possível? Se é possível para essas pessoas, tb pode ser para qq outras. O pêndulo pode inclinar-se para qq um dos lados. Ergo, td é possível :)

Qt aos pormenores, tens razão, mas não me sinto mt à vontade para falar sobre certos aspectos da vida alheia. O caso q mais me surpreendeu foi um casal em q ele não queria ter filhos nem à lei da bala, e acabou por "mudar de opinião", qd ela lhe disse q sem filhos, não continuaria com ele. E hj ele não se arrepende, antes pelo contrário.

homempasmado disse...

Llyrnion:

”… Eu acredito q é mudança. Sim, é uma luta constante e diária, mas - e posso dizê-lo por mim mesmo - funciona. Sinto-me melhor comigo mesmo do que há 8 anos atrás. …”

- Espera até passares por mais umas crises, para teres a “certeza” da mudança.

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”...Pode acontecer já estar com ela. E pode acontecer achar q esses princípios, afinal, não são assim tão importantes, qd comparados com a importância q ela adquiriu para mim. …”

- Compreendo. Optas pelo valor que consideras mais importante!

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”… quem me garante q na minha situação específica a mudança tb não é possível? Se é possível para essas pessoas, tb pode ser para qq outras. O pêndulo pode inclinar-se para qq um dos lados. Ergo, td é possível :) …”

- Olha, discordo de ti, porque assumes que “somos todos iguais” ou seja, temos todos as mesmas oportunidades e capacidades. Não temos!

Logo, aquilo que pode funcionar para uma pessoa, pode nunca funcionar para outra!

--

”…O caso q mais me surpreendeu foi um casal em q ele não queria ter filhos nem à lei da bala, e acabou por "mudar de opinião", qd ela lhe disse q sem filhos, não continuaria com ele. E hj ele não se arrepende, antes pelo contrário. …”

- Sim, também conheço casos semelhantes, mas também conheço quem nunca quis filhos e os teve apenas para ver confirmado que, afinal, nunca os deveria ter tido!

Llyrnion disse...

"Espera até passares por mais umas crises, para teres a “certeza” da mudança."

Verei isso qd lá chegar. Até lá, opto por manter o meu espírito optimista, q mt trabalhinho me deu a criar :)

"Olha, discordo de ti, porque assumes que “somos todos iguais” ou seja, temos todos as mesmas oportunidades e capacidades. Não temos! Logo, aquilo que pode funcionar para uma pessoa, pode nunca funcionar para outra!"

Certo. Mas, mais uma vez, eu prefiro encarar a coisa com optimismo. Sem ser assim, e sem tentar, cm saber quem tem e quem n tem capacidade pa fazer o q? Até pq, são quase sempre as situações por q passamos q nos fazem ter a real ideia das nossas capacidades.

"Sim, também conheço casos semelhantes, mas também conheço quem nunca quis filhos e os teve apenas para ver confirmado que, afinal, nunca os deveria ter tido!"

Sim, e eu tb conheço casos semelhantes. O problema com estes casos são as consequèncias de dizer "Olha, afinal n era isto q eu queria", pq "isto" n é algo q se possa pura e simplesmente descartar.

Mas digo-te q quem mergulhar numa experiência destas sem se mentalizar q a sua vida vai mudar completamente, e q, pelo menos durante uns anos, o mais certo é nunca mais ter tempo pa si próprio, vai completamente iludido. Uma coisa é ter optimismo pa achar q vou conseguir lidar com os problemas; outra é fechar os olhos.

Mais uma vez - nem td a gente tem capacidade/inclinação pa ser pai. Mas, sem experimentar, cm vais saber quem tem e quem n tem?

homempasmado disse...

”Verei isso qd lá chegar. Até lá, opto por manter o meu espírito optimista, q mt trabalhinho me deu a criar :)”
- Just keep smiling, diria a Dori :-)

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”Mas, mais uma vez, eu prefiro encarar a coisa com optimismo. Sem ser assim, e sem tentar, cm saber quem tem e quem n tem capacidade pa fazer o q? “

- Auto conhecimento.
;-)

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“Até pq, são quase sempre as situações por q passamos q nos fazem ter a real ideia das nossas capacidades.”

- Concordo ctg! E, mesmo que a pessoa acredite que pode (ou não), pode-se sempre considerar uma tentativa! Penso que é preferível falhar tentando do que nada fazendo!

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”O problema com estes casos são as consequências de dizer "Olha, afinal n era isto q eu queria", pq "isto" n é algo q se possa pura e simplesmente descartar.”

- Pior ainda, o problema é dizer “eu sabia que não queria isto!”
E depois não se poder descartar a responsabilidade. Quer dizer, poder pode-se, há quem o faça… :-(

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”Mais uma vez - nem td a gente tem capacidade/inclinação para ser pai. “
- Pois não!
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“Mas, sem experimentar, cm vais saber quem tem e quem n tem?”
- Auto conhecimento, mais uma vez!

A pessoa pode acreditar que terá inclinação para a paternidade, pode ter dúvidas ou pode simplesmente saber que não o deseja!

E este momento nem sequer coloco a questão de se ser bom ou mau pai!
Trata-se de saber o que se sente em relação à paternidade!

Llyrnion disse...

"A pessoa pode acreditar que terá inclinação para a paternidade, pode ter dúvidas ou pode simplesmente saber que não o deseja!"

O caso a q me refiro é o de quem tem dúvidas. No q diz respeito aos outros casos, se até têm uma ideia +/- clara sobre o assunto, e depois n ajem em conformidade...

Enfim, cada um acaba por colher o q semeia

Um abraço.

homempasmado disse...

Ok :-)