Costas com costas, na cama, na vida!
Mãos que não se tocam, que não brincam.
Olhos que não brilham.
Sorrisos de anúncio!
Rotinas e conversas partilhadas sem gosto.
Como se um qualquer realizador de filmes manhosos lhes tivesse imposto um guião tortuoso.
Os filhos que ainda não cresceram, o medo da solidão, a ausência de alternativas, a falta de dinheiro, os mal entendidos acumulados durante anos, o ressentimento que vem com a morte dos sonhos de cada um!
E os silêncios, longos, tristes.
Cheios de monólogos, para uma plateia vazia…
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Um Obrigado à Marion:
e ao Johnny:
:-)
Foto: cortesia da Marion.
17 comentários:
este texto é por demais real.
e passa-se na maioria dos lares de portugal, poucos são capazes bater a porta ... quem o faz ás vezes cortam na casaca...
a mesquinhez de um povo, nasceram para sofre vá sofram...
mas bom texto.
beijo
até me arrepiei... mas é bom recordar os erros que fizemos, ao menos que se aprenda.
durante cinco anos vivi assim.
Por todas as razões que enuncias e outras mais. sacrificamos muito pelos filhos mas temos realmente que pensar em nós e afinal de contas, também para as crianças é terrível viver assim.
é horrível viver com alguém e sentirmo-nos como se estivessemos num deserto.
conseguir "saltar" é uma vitória, ACREDITEM!
olá
já lá tens a foto e a ligação ao teu post (a duas mãos)
beijos
Um "obrigado" teu, Amigo HP, embora não o entenda é um cumprimento. Obrigado eu pela argumentação saudável que tens dado!
E depois das "cortesias" vamos à "faena" própriamente dita:
Ilustraste irrepreensívelmente o que disseste na frase que titula o post.
Um fim rápido de uma agonia é sempre misericordioso. Muitas vezes falta é a coragem para o golpe de misericórdia. Devia haver uma eutanásia para paixões terminais.
já viste que a discussão no AW deu pano para mangas ????? interessantes observações que andam por lá :-)
às vezes são dificeis de esquecer, de abandonar e de ficar... :-(
Flor e Sony:
Obrigado!
:-)
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Sony:
Sim, mas não apenas. O problema põe-se, em primeiro lugar, entre pessoas!
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Maia:
Ainda bem que ultrapassaste.
Agora, não deixes o diálogo morrer, mesmo que o silêncio seja mais fácil!
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Marion:
Já coloquei a foto no meu post.
Jinhos tb pra ti.
Já fui ver e assim que puder, meto-me ao barulho.
:-)
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JH:
Um obrigado a ti e à Marion, porque sem os vossos comentários eu não teria feito o post!
:-)
Uma pílula do esquecimento!
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Lolita:
E doem. Por estar nelas, por sair, pela frustração dos erros que cometemos, pelos filmes alternativos que fazemos na nossa cabeça…
:-(
:-(
"Os filhos que ainda não cresceram, o medo da solidão, a ausência de alternativas, a falta de dinheiro, os mal entendidos acumulados durante anos, o ressentimento que vem com a morte dos sonhos de cada um!"
Estava a ler esta lista, e veio-me à cabeça mais um item - a teimosia que nos impede de admitir que somos incapazes de fazer a nossa cara-metade feliz. É que isso é um fracasso, e ninguém gosta de admiti-los.
Mas não deixa de ser irónico que, muitas vezes, foi isto que me impeliu a dar o primeiro passo para resolver situações de crise. Resolver, realmente, e não apenas varrê-las para debaixo do tapete.
Tudo - mas mesmo tudo - tem solução, desde que ambos queiram. Quando uma relação morre, é porque as pessoas envolvidas não quiseram fazer o esforço de a manter viva. Não é uma crítica, é a constatação de um facto.
Por vezes, o Destino é realmente irónico, e junta as pessoas novamente, algum tempo depois. E, por veses, à segunda, a coisa funciona. Ocorre-me uma frase - as pessoas são as mesmas, só que mudaram.
Exxcelente texto :)
“… a teimosia que nos impede de admitir que somos incapazes de fazer a nossa cara-metade feliz. …”
- Também acontece.
:-(
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“… Tudo - mas mesmo tudo - tem solução, desde que ambos queiram. …”
- Então e as incompatibilidades? Não me refiro a coisas comezinhas, refiro-me a opções de vida, princípios dos quais não podemos abdicar porque são essenciais à nossa felicidade!
Existem pessoas cuja concepção para uma vida em comum é por demais diferente para que não se magoem.
Para que um tenha o que quer, o outro não o terá.
Não se trata de ambos quererem. Trata-se de ambos serem!
As coisas boas da vida não são todas compatíveis entre si. Quando escolhes uma, podes fechar a porta a outra!
Se a escolha for incompatível com a da outra pessoa, a boa vontade não chega, o querer não chega!
É preferível terminar, ou pode-se cair no que dizes, naquela teimosia de não reconhecer que não somos capazes de dar a felicidade a outra pessoa!
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“… Ocorre-me uma frase - as pessoas são as mesmas, só que mudaram. …”
- Sim, acontece. Mas o que mudou, o querer ou o ser?
Mudou-se sem consciência da mudança até que ela se tornou óbvia!
Outras vezes, foram aquelas coisas pequenas que antes se insistia e valorizava, mas que, por qualquer motivo, se deixou de valorizar.
Por vezes, pelo tal de medo de ficar só.
O medo é um poderoso motivador.
Outras vezes, o fim das opções levou-nos a deixar de valorizar o que antes se valorizava, porque se deixou de poder fazer o que antes se fazia!
Sim, todos nós temos um conjunto de princípios, de "características" que nos definem. Mas este conjunto não é imutável. Por vezes, mudamos sem dar por isso; por vezes, fazemos um esforço para mudar. Neste esforço, por vezes, falhamos; por vezes, conseguimos. Quando conseguimos, por vezes temos recaídas, quando nos esquecemos que este esforço de mudança é uma luta diária.
O querer pode condicionar o ser (apesar de habitualmente pensarmos o contrário), e existem duas motivações importantes para isto:
- A importância que atribuímos à pessoa que nos leva a querer mudar, e o quanto gostamos dela.
- A percepção que temos da importância que essa pessoa nos atribui, e o quanto ela gosta de nós.
Este segundo ponto é importante, pois "diz-nos" até que ponto a outra pessoa está disposta a mudar por nós, tal como nós estamos dispostos a mudar por ela. Não se trata de transformar a relação num "quid pro quo", mas é certo que se for apenas uma parte a mudar, a fazer um esforço considerável (talvez até monumental) para se adaptar à outra, isso não terá bom resultado.
É óbvio que nem sempre resulta, mas quando ambos querem... já vi verdadeiros milagres (não, eu não consegui realizar nenhum). Muito poucos, é certo :) Mas o facto de existirem, demonstra-me (até ver) que tudo é possível, se ambos estiverem realmente empenhados.
Afinal, já vi pessoas a mudarem aspectos importantes das suas vidas por consequência de gloriosas "epifanias". E não o digo como uma crítica, porque comigo já aconteceu o mesmo, e não duvido que voltará a acontecer. Então, porque não aproveitar essas incompatibilidades para descobrirmos até que ponto esses princípios (que sabemos, à partida, que até nem estão gravados na pedra) são assim tão importantes para nós.
No fundo, a questão é a seguinte - aquilo que somos muda por tantos motivos. Porque não pela pessoa com quem nos propomos a dividir a nossa vida?
Lyrnion:
Gostei muito do que escreveste. E, de uma maneira geral, concordo contigo.
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“… O querer pode condicionar o ser (apesar de habitualmente pensarmos o contrário), …”
- Sem dúvida, mas condicionar não é mudar.
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“… No fundo, a questão é a seguinte - aquilo que somos muda por tantos motivos. …”
1.
Será que aquilo que somos muda assim tanto?
Há quem diga que a nossa personalidade não muda. Mudam-se pormenores, não o todo.
Não sei se assim é, mas gostaria que pudéssemos mudar, mesmo!
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“…Porque não pela pessoa com quem nos propomos a dividir a nossa vida? …”
2.
É uma boa questão, mas não estarás a colocar o carro à frente dos bois?
Porque queres dividir a tua vida com uma pessoa que te obriga a mudar princípios que consideras muito importantes, para estar com ela?
Porque se sente necessidade de dar um passo tão importante quanto esse, com essa pessoa? O que se passa connosco, para desejarmos uma relação assim?
Talvez se entendermos que estamos errados em seguir esses princípios e essa pessoa sirva como ajuda para ultrapassarmos.
Assim, concordo contigo. Ajuda mútua para ultrapassar os nossos problemas e construir algo em comum.
De outro modo, talvez não nos devêssemos propor dividir a vida com essa pessoa!
--
3.
Talvez, como dizes, esses milagres tenham acontecido. Mas a nossa vida não é feita de milagres.
Penso que muito sofrimento seria evitado se:
a) As pessoas conversassem sobre o que querem para a sua vida em comum.
b) Estabelecessem o que é aceitável mudar e o que não é.
c) Não se enganassem a si próprias dizendo que a outra muda (sem a avisar que se pensa assim).
d) Recusassem uma relação, que, por muito que se goste da outra pessoa, vai dar confusão a médio/longo prazo!
E sobre d), a minha experiência é a de que os sacrifícios (como abdicar dos nossos princípios) pagam-se caro! Num futuro que até pode ser longo, vão ser cobrados e vão dar sofrimento!
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4.
Os exemplos que conheces, apenas te podem dizer que naquelas situações específicas e com aquelas pessoas, essa mudança foi possível! O que está bem longe do “tudo é possível”.
Como não sei pormenores, não posso comentar…
"Há quem diga que a nossa personalidade não muda. Mudam-se pormenores, não o todo."
Eu acredito q é mudança. Sim, é uma luta constante e diária, mas - e posso dizê-lo por mim mesmo - funciona. Sinto-me melhor comigo mesmo do que há 8 anos atrás.
Podemos mudar, mas temos que manter a mudança. Pq numa coisa tens razão - a partir de certa altura, aquilo q somos, se não fizermos um esforço constante, não muda.
"Porque queres dividir a tua vida com uma pessoa que te obriga a mudar princípios que consideras muito importantes, para estar com ela?"
Pode acontecer já estar com ela. E pode acontecer achar q esses princípios, afinal, não são assim tão importantes, qd comparados com a importância q ela adquiriu para mim.
"b) Estabelecessem o que é aceitável mudar e o que não é."
Desde q seja um esforço contínuo, parece-me bem.
"E sobre d), a minha experiência é a de que os sacrifícios (como abdicar dos nossos princípios) pagam-se caro! Num futuro que até pode ser longo, vão ser cobrados e vão dar sofrimento!"
Sim, tb conheço alguns exemplos disto, infelizmente :(
«Os exemplos que conheces, apenas te podem dizer que naquelas situações específicas e com aquelas pessoas, essa mudança foi possível! O que está bem longe do “tudo é possível”.»
Mas é justamente aí que quero chegar - quem me garante q na minha situação específica a mudança tb não é possível? Se é possível para essas pessoas, tb pode ser para qq outras. O pêndulo pode inclinar-se para qq um dos lados. Ergo, td é possível :)
Qt aos pormenores, tens razão, mas não me sinto mt à vontade para falar sobre certos aspectos da vida alheia. O caso q mais me surpreendeu foi um casal em q ele não queria ter filhos nem à lei da bala, e acabou por "mudar de opinião", qd ela lhe disse q sem filhos, não continuaria com ele. E hj ele não se arrepende, antes pelo contrário.
Llyrnion:
”… Eu acredito q é mudança. Sim, é uma luta constante e diária, mas - e posso dizê-lo por mim mesmo - funciona. Sinto-me melhor comigo mesmo do que há 8 anos atrás. …”
- Espera até passares por mais umas crises, para teres a “certeza” da mudança.
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”...Pode acontecer já estar com ela. E pode acontecer achar q esses princípios, afinal, não são assim tão importantes, qd comparados com a importância q ela adquiriu para mim. …”
- Compreendo. Optas pelo valor que consideras mais importante!
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”… quem me garante q na minha situação específica a mudança tb não é possível? Se é possível para essas pessoas, tb pode ser para qq outras. O pêndulo pode inclinar-se para qq um dos lados. Ergo, td é possível :) …”
- Olha, discordo de ti, porque assumes que “somos todos iguais” ou seja, temos todos as mesmas oportunidades e capacidades. Não temos!
Logo, aquilo que pode funcionar para uma pessoa, pode nunca funcionar para outra!
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”…O caso q mais me surpreendeu foi um casal em q ele não queria ter filhos nem à lei da bala, e acabou por "mudar de opinião", qd ela lhe disse q sem filhos, não continuaria com ele. E hj ele não se arrepende, antes pelo contrário. …”
- Sim, também conheço casos semelhantes, mas também conheço quem nunca quis filhos e os teve apenas para ver confirmado que, afinal, nunca os deveria ter tido!
"Espera até passares por mais umas crises, para teres a “certeza” da mudança."
Verei isso qd lá chegar. Até lá, opto por manter o meu espírito optimista, q mt trabalhinho me deu a criar :)
"Olha, discordo de ti, porque assumes que “somos todos iguais” ou seja, temos todos as mesmas oportunidades e capacidades. Não temos! Logo, aquilo que pode funcionar para uma pessoa, pode nunca funcionar para outra!"
Certo. Mas, mais uma vez, eu prefiro encarar a coisa com optimismo. Sem ser assim, e sem tentar, cm saber quem tem e quem n tem capacidade pa fazer o q? Até pq, são quase sempre as situações por q passamos q nos fazem ter a real ideia das nossas capacidades.
"Sim, também conheço casos semelhantes, mas também conheço quem nunca quis filhos e os teve apenas para ver confirmado que, afinal, nunca os deveria ter tido!"
Sim, e eu tb conheço casos semelhantes. O problema com estes casos são as consequèncias de dizer "Olha, afinal n era isto q eu queria", pq "isto" n é algo q se possa pura e simplesmente descartar.
Mas digo-te q quem mergulhar numa experiência destas sem se mentalizar q a sua vida vai mudar completamente, e q, pelo menos durante uns anos, o mais certo é nunca mais ter tempo pa si próprio, vai completamente iludido. Uma coisa é ter optimismo pa achar q vou conseguir lidar com os problemas; outra é fechar os olhos.
Mais uma vez - nem td a gente tem capacidade/inclinação pa ser pai. Mas, sem experimentar, cm vais saber quem tem e quem n tem?
”Verei isso qd lá chegar. Até lá, opto por manter o meu espírito optimista, q mt trabalhinho me deu a criar :)”
- Just keep smiling, diria a Dori :-)
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”Mas, mais uma vez, eu prefiro encarar a coisa com optimismo. Sem ser assim, e sem tentar, cm saber quem tem e quem n tem capacidade pa fazer o q? “
- Auto conhecimento.
;-)
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“Até pq, são quase sempre as situações por q passamos q nos fazem ter a real ideia das nossas capacidades.”
- Concordo ctg! E, mesmo que a pessoa acredite que pode (ou não), pode-se sempre considerar uma tentativa! Penso que é preferível falhar tentando do que nada fazendo!
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”O problema com estes casos são as consequências de dizer "Olha, afinal n era isto q eu queria", pq "isto" n é algo q se possa pura e simplesmente descartar.”
- Pior ainda, o problema é dizer “eu sabia que não queria isto!”
E depois não se poder descartar a responsabilidade. Quer dizer, poder pode-se, há quem o faça… :-(
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”Mais uma vez - nem td a gente tem capacidade/inclinação para ser pai. “
- Pois não!
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“Mas, sem experimentar, cm vais saber quem tem e quem n tem?”
- Auto conhecimento, mais uma vez!
A pessoa pode acreditar que terá inclinação para a paternidade, pode ter dúvidas ou pode simplesmente saber que não o deseja!
E este momento nem sequer coloco a questão de se ser bom ou mau pai!
Trata-se de saber o que se sente em relação à paternidade!
"A pessoa pode acreditar que terá inclinação para a paternidade, pode ter dúvidas ou pode simplesmente saber que não o deseja!"
O caso a q me refiro é o de quem tem dúvidas. No q diz respeito aos outros casos, se até têm uma ideia +/- clara sobre o assunto, e depois n ajem em conformidade...
Enfim, cada um acaba por colher o q semeia
Um abraço.
Ok :-)
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