O homo sapiens não deixou de ser 1 macaco pelado; e, embora tenha adquirido motivações muito requintadas, não perdeu nenhuma das mais primitivas e comezinhas.
Isto causa-lhe muitas vezes certo embaraço, mas os velhos instintos não o largaram durante milhões de anos, enquanto os mais recentes não têm mais de alguns milhares de anos – e não resta a menor esperança de que venha a desembaraçar-se da herança genética quer o acompanhou durante toda a sua evolução.
Na verdade, o Homo Sapiens andaria muito menos preocupado, e sentir-se-ia muito mais satisfeito, se fosse capaz de aceitar este facto.
Isto causa-lhe muitas vezes certo embaraço, mas os velhos instintos não o largaram durante milhões de anos, enquanto os mais recentes não têm mais de alguns milhares de anos – e não resta a menor esperança de que venha a desembaraçar-se da herança genética quer o acompanhou durante toda a sua evolução.
Na verdade, o Homo Sapiens andaria muito menos preocupado, e sentir-se-ia muito mais satisfeito, se fosse capaz de aceitar este facto.
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… é preciso dizer que não se pode criticar biologicamente uma determinada prática sexual, por mais repugnante e obscena que pareça aos membros duma cultura em particular, desde que não comprometa a reprodutividade geral.
Se a actividade sexual mais exótica contribuir para assegurar a fecundação entre os membros dum casal, ou para reforçar a respectiva união, essa actividade é biologicamente tão aceitável como o mais «decente» e aprovado dos hábitos sexuais.
Se a actividade sexual mais exótica contribuir para assegurar a fecundação entre os membros dum casal, ou para reforçar a respectiva união, essa actividade é biologicamente tão aceitável como o mais «decente» e aprovado dos hábitos sexuais.
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Durante muito tempo fomos automaticamente levados a acreditar que a forma redonda das mamas devia estar ligada ao processo de amamentação.
Afinal de contas, parece que nos enganámos e que, na nossa espécie, a forma das mamas depende muito mais de motivos sexuais do que alimentares.
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Imaginamos muitas vezes que nos comportamos de uma certa maneira porque ela corresponde a determinado código sublime de princípios abstractos e morais, quando, na verdade, nos limitamos a obedecer a um conjunto de impressões (a par com dos nossos instintos cuidadosamente dissimulados) que torna tão difícil que as sociedades mudem os respectivos costumes e «crenças».
Mesmo perante novas ideias, excitantes e brilhantemente racionais, baseadas na pura aplicação objectiva da inteligência, a comunidade ainda se mantém agarrada aos antigos hábitos e preconceitos caseiros.
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Nunca nos satisfazemos com o que sabemos.
Mal encontramos resposta para uma pergunta, formulamos logo uma outra.
É este o maior truque da nossa espécie para continuar a sobreviver.
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Em última análise, a inteligência não merece muita confiança, visto que um único acto irracional, emotivo, pode desfazer todo o bem que a inteligência tinha construído.
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“O macaco nú”
Desmond Morris
Círculo de Leitores
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