quarta-feira, dezembro 01, 2004

#00.034 Nós podemos, elas não!

Quando era adolescente lembro-me de ter falado com um tipo muito mais velho a propósito da fidelidade.

Dizia ele que é diferente quando um homem e uma mulher praticam essa coisa do sexo extra-conjugal. 


Eu discordava e perguntei porquê.

Aqui vai a resposta (típica) segundo me lembro:
“Se o homem engravidar uma mulher, a esposa não fica com a criança, não despende nem tempo nem dinheiro com ela.

Se for a esposa a engravidar o cornudo fica a criar um filho que não é dele, algo que é manifestamente injusto.”

Além desta resposta ainda recebi o habitual tratamento condescendente que se dá aos “chavalos” imberbes cheios de ideias esquisitas que a vida há-de ensinar.

Na altura não soube o que responder mas continuei a não concordar, parecia-me uma injustiça e havia algo ali que “não batia bem”.

Mais tarde (demais para voltar ao tema) lembrei-me de algumas questões pertinentes:

1. E se a mulher for estéril ou estiver na menopausa?

2. E quando usa anticoncepcionais e está disposta a fazer aborto se algo correr mal?

Já pode ser infiel?

Quanto ao argumento propriamente dito, parece-me sacanice.

Se ele não gostaria de criar uma criança que não é dele de certeza que a mulher também não queria que ele criasse uma criança que não era dela.

1. Se ele engravidar outra mulher e esta tiver o filho ele terá de dedicar tempo e dinheiro à criança. 


Logo, estará a desviar recursos da sua própria família, não lhes proporcionando tudo o que poderia, noutras circunstâncias, proporcionar. 

E se existem homens que têm posses para ter muitos filhos, dinheiro algum compra mais que 24 horas por dia.

Conclusão: Está a ser sacana com a própria família.







2. Se ele renegar a criança da amante não lhe dedicando nem tempo nem dinheiro, estará a praticar uma injustiça sobre uma criatura inocente que não tem culpa dos seus erros nem dos da mãe.

Conclusão: Está a ser sacana com a própria família (a criança da amante).





Resultado: O homem retratado pelo tipo com quem falei, é, em qualquer dos casos, um sacana.


É claro que para muitos homens isso é apenas um detalhe de somenos importância.

O que espanta é haverem mulheres que aceitam tipos como este.
 

Tipos que dizem à mulher que se a apanharem com um amante, dão cabo dela, mas que não garantem a fidelidade para o seu comportamento porque é diferente para os homens!

E elas aceitam e/ou resignam-se!

1 comentário:

Patrícia disse...

Estás terrivelmente certo... :(
Também ouvi a mesma história (mas em relação ao sexo pré-marital), mais vírgula menos vírgula, e proferida pelo meu próprio pai, para justificar o facto de trair a minha mãe antes de se casarem... Demorei dez anos a perdoar-lhe...