segunda-feira, setembro 01, 2008

#00.179 Do amor e da paz

No último sábado fui ao casamento de uma amiga. 
Ela estava feliz, o que a mim me pareceu uma insensatez, sobretudo porque o noivo, um economista argentino, chorava nos braços do padrinho, como um rapazinho ao qual tivessem roubado a bola de futebol assinada pelo Cristiano Ronaldo.

Depois reflecti melhor e cheguei à conclusão de que se o noivo chorava daquela forma, com um desespero tão sincero, talvez, afinal, o casamento deles tivesse um futuro interessante. O noivo, ao menos, parecia consciente do que o esperava.

Vejo o casamento como uma rendição.
Ninguém casa por amor, pelo contrário: ao casarmos desistimos do amor, estamos a trocar o amor pelo conforto e a segurança.

Ora o amor tem tanto a ver com a segurança ou com o conforto quanto um leão domesticado tem a ver com um leão.

O casamento costuma ser o último parágrafo dos contos de fadas e dos romances cor-de-rosa.

Depois disso não acontece mais nada que mereça a pena ser relatado. Chama-se a isto tédio. O tédio é o que de melhor pode acontecer num casamento.


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Retirado da crónica:
Do amor e da pazde: Faíza Hayat
na página 6 da revista Pública de 6 de Julho de 2008

4 comentários:

Bisc8 disse...

Muito bem visto!

Ninguém sabe o que aconteceu com a Branca de Neve e o Príncipe Encantado, nem com a Bela Adormecida e o seu respectivo...

Eles querem enganar quem? xD

:D

homempasmado disse...

Tá na cara que se divorciaram, elas ficaram com os castelos e os gajos acabaram no celeiro a dormir com os cavalos :-D

Patrícia disse...

Credo, tanta amargura!!!!

homempasmado disse...

Calma miúda, chama-se humor negro!
Não é amargura, não!

Não reparaste no-> :-D

hã? hã? hã?