domingo, novembro 25, 2007
sábado, novembro 24, 2007
#00.157 Qual a finalidade do sexo?
“Se tudo tem uma finalidade, qual é a finalidade do sexo?
A resposta óbvia é a procriação.”
James Rachels
“Elementos de Filosofia Moral”
Editora Gradiva
--
Durante bastante tempo, subscrevi esta crença. Mesmo depois de ler o suficiente para a questionar.
Mas será de facto assim? Será óbvio que a finalidade do sexo seja a procriação?
Ao acabar de ler o resto da passagem que transcrevi acima, “bateu-me” uma ideia na mioleira:
A finalidade óbvia do sexo é o prazer e não a procriação.
Em vez de argumentar para defender a minha afirmação, cito esta passagem de:
Bronislaw Malinowski
"Magia Ciência e Religião"
Pág. 252
(…)
Refiro-me ao facto de, na maioria das raças selvagens, a vida sexual se iniciar muito cedo e ser demasiado intensa, de forma que as relações não surgem para eles como um facto raro e extraordinário que os marque pela sua invulgaridade, levando-os, por conseguinte, a procurar as consequências; muito pelo contrário, para eles, a vida sexual é um estado normal.
Em Kiriwina, entende-se que as raparigas solteiras a partir dos 6 anos devem dedicar-se quase todas as noites a práticas licenciosas. É irrelevante que tal suceda ou não; o que importa apenas é que, para o nativo de Kiriwina, as relações sexuais são uma ocorrência quase tão comum como comer, beber ou dormir.
Que é que orienta a observação do nativo, chama a sua atenção para a relação entre uma ocorrência diária perfeitamente normal, por um lado, e um acontecimento excepcional, invulgar, por outro? Como vai entender que o próprio acto que uma mulher realiza quase com a mesma frequência com que come ou bebe, irá, uma, duas ou três vezes em toda a sua vida fazê-la engravidar?
É certo que só dois acontecimentos invulgares, raros, podem facilmente revelar uma ligação. Descobrir que algo de extraordinário é o resultado de um acontecimento absolutamente normal exige, para além de um espírito e método científicos, a capacidade de investigar, de isolar os factos, de excluir o supérfluo e de experimentar as circunstâncias. Existindo estas condições, os nativos provavelmente teriam descoberto a relação causal, porque a sua mente funciona segundo as mesmas normas que a nossa: os seus poderes de observação são activos, sempre que revela interesse, e o conceito de causa e efeito não lhes é desconhecido.
(…)
--
Aqui, Malinowski demonstrava ao seu leitor, que a nossa crença no acto sexual como óbvio originador da procriação, não é assim tão óbvio como isso.
James Rachels
“Elementos de Filosofia Moral”
Editora Gradiva
--
Durante bastante tempo, subscrevi esta crença. Mesmo depois de ler o suficiente para a questionar.
Mas será de facto assim? Será óbvio que a finalidade do sexo seja a procriação?
Ao acabar de ler o resto da passagem que transcrevi acima, “bateu-me” uma ideia na mioleira:
A finalidade óbvia do sexo é o prazer e não a procriação.
Em vez de argumentar para defender a minha afirmação, cito esta passagem de:
Bronislaw Malinowski
"Magia Ciência e Religião"
Pág. 252
(…)
Refiro-me ao facto de, na maioria das raças selvagens, a vida sexual se iniciar muito cedo e ser demasiado intensa, de forma que as relações não surgem para eles como um facto raro e extraordinário que os marque pela sua invulgaridade, levando-os, por conseguinte, a procurar as consequências; muito pelo contrário, para eles, a vida sexual é um estado normal.
Em Kiriwina, entende-se que as raparigas solteiras a partir dos 6 anos devem dedicar-se quase todas as noites a práticas licenciosas. É irrelevante que tal suceda ou não; o que importa apenas é que, para o nativo de Kiriwina, as relações sexuais são uma ocorrência quase tão comum como comer, beber ou dormir.
Que é que orienta a observação do nativo, chama a sua atenção para a relação entre uma ocorrência diária perfeitamente normal, por um lado, e um acontecimento excepcional, invulgar, por outro? Como vai entender que o próprio acto que uma mulher realiza quase com a mesma frequência com que come ou bebe, irá, uma, duas ou três vezes em toda a sua vida fazê-la engravidar?
É certo que só dois acontecimentos invulgares, raros, podem facilmente revelar uma ligação. Descobrir que algo de extraordinário é o resultado de um acontecimento absolutamente normal exige, para além de um espírito e método científicos, a capacidade de investigar, de isolar os factos, de excluir o supérfluo e de experimentar as circunstâncias. Existindo estas condições, os nativos provavelmente teriam descoberto a relação causal, porque a sua mente funciona segundo as mesmas normas que a nossa: os seus poderes de observação são activos, sempre que revela interesse, e o conceito de causa e efeito não lhes é desconhecido.
(…)
--
Aqui, Malinowski demonstrava ao seu leitor, que a nossa crença no acto sexual como óbvio originador da procriação, não é assim tão óbvio como isso.
Enquadra-se numa tentativa para contrariar a crença instalada na altura em que a sua obra foi publicada (1ª metade séc. XX), de que os povos primitivos não dispunham das mesmas capacidades lógicas dos “ocidentais”.
quarta-feira, novembro 07, 2007
#00.156 compromisso e maturidade
Muitas pessoas (leia-se agora: mulheres) têm a “mania” de relacionar a maturidade dos homens com a sua maior ou menor disponibilidade para assumirem ”aquele” compromisso.
Se elas querem juntar os trapinhos, aumentar o número da espécie humana e entregar o IRS em conjunto ou simplesmente assumir qualquer coisa mais duradoira, os gajos, obviamente que acederão, deliciados.
Se não o quiserem fazer é também óbvio que o motivo é a sua falta de preparação para o compromisso.
Não estando preparados, segue-se a conclusão lógica de que são imaturos, ainda não cresceram.
O que me falha em compreender, neste raciocínio tão comum, é o nexo de causalidade entre o assumir do referido compromisso e a maturidade, quando se sabe que tanta gente imatura o assume.
Existem pessoas que para uma determinada situação apenas encontram uma explicação (ou o seu oposto) e, curiosamente, é tantas vezes aquela que mais lhes convém.
É certo e sabido que se os gajos não se querem comprometer com elas e os seus projectos de vida, devem ter algum defeito.
E pode-se perguntar:
Pressionarmos alguém a fazer o que desejamos;
Investir numa relação e numa pessoa que não caminha em sintonia connosco;
Ser incapaz de conceber diferentes motivações para uma mesma acção;
Será isto sintoma de maturidade?
Se elas querem juntar os trapinhos, aumentar o número da espécie humana e entregar o IRS em conjunto ou simplesmente assumir qualquer coisa mais duradoira, os gajos, obviamente que acederão, deliciados.
Se não o quiserem fazer é também óbvio que o motivo é a sua falta de preparação para o compromisso.
Não estando preparados, segue-se a conclusão lógica de que são imaturos, ainda não cresceram.
O que me falha em compreender, neste raciocínio tão comum, é o nexo de causalidade entre o assumir do referido compromisso e a maturidade, quando se sabe que tanta gente imatura o assume.
Existem pessoas que para uma determinada situação apenas encontram uma explicação (ou o seu oposto) e, curiosamente, é tantas vezes aquela que mais lhes convém.
É certo e sabido que se os gajos não se querem comprometer com elas e os seus projectos de vida, devem ter algum defeito.
E pode-se perguntar:
Pressionarmos alguém a fazer o que desejamos;
Investir numa relação e numa pessoa que não caminha em sintonia connosco;
Ser incapaz de conceber diferentes motivações para uma mesma acção;
Será isto sintoma de maturidade?
Subscrever:
Mensagens (Atom)